Fracasso na Champions: Uma faca de dois gumes que nunca atinge Jesus.

5 jogos, 1 vitória, 1 empate e 3 derrotas. É este o pecúlio do Benfica na Europa, na época de 2014/2015. Jorge Jesus viu a sua equipa ser eliminada logo na 5ª jornada da prova após uma derrota com o seu nêmesis, André Villas Boas. Assim sendo, um dos grandes objectivos traçados para esta temporada vê-se, poucos meses após o seu inicio, afastado. Como reagirá o Benfica a este contratempo? Será Jesus capaz de lidar com os julgamentos feitos por todos? Que culpa terá tido o treinador do Benfica neste desaire? Existirá futuro para “JotaJota” no clube?

Após uma época de 2013/2014 onde ganhou tudo o que havia para ganhar internamente, e em que externamente foi à final de uma competição europeia e só não continuou na Champions porque os deuses não estavam do seu lado, uma vez que, 10 pontos, sempre deram para passar,  viu a sua continuidade no clube ameaçada. Tanto por ter falhado a conquista da Liga Europa, como por se achar que pouco ou nada mais poderia oferecer à equipa,  o certo é que o futuro de Jesus estava tremido. Contudo, Luís Filipe Vieira renovou-lhe o contrato, sob a égide de realizar uma época idêntica à do ano passado, com uma excepção. Essa excepção seria  uma melhor prestação na Champions. Era o principal objectivo traçado e aquele para o qual Jesus se – devia ter preparado – preparou melhor. O certo é que nada disso aconteceu. Jorge Jesus está a carimbar uma performance fraquíssima na competição mais prestigiante do mundo a nível de clubes, e o Benfica, ainda com uma jornada para jogar, foi eliminado. Uma eliminação que os priva não só de prosseguir na Champions, mas igualmente de não ir à Liga Europa. Um rombo no orçamento.

Para uma equipa que se tinha de preparar para atacar uma passagem à fase seguinte da Liga dos Campeões, o facto de ter deixado sair quem saiu e de se ter reforçado com elementos claramente inferiores, fazia antever uma hecatombe. Nem os 10 milhões investidos em Samaris, serviram para mascarar a intempérie que se avizinhava. Quem falhou neste ponto foi o treinador do Benfica. Não na vertente financeira, mas na vertente de reforço do plantel. Afinal de contas, uma equipa que vem vendendo como o clube da Luz o faz, e que vem conseguindo bons resultados em simultâneo, não devia precisar de vender tanto para equilibrar as contas. Pior, ao mesmo tempo que vendia devia reforçar-se com jogadores semelhantes. Não o fez. Jesus, possuidor de uma teimosia de levar os benfiquistas à loucura, insistiu nas suas ideias e no seu modelo de jogo e em jogadores que, apesar de terem alguma qualidade, não tinham os mesmos argumentos dos executantes do passado. Desde a falta de um central, a jogadores desmotivados – caso de Enzo – , a jogadores que estão a jogar muitos furos abaixo do que se exige, passando pela casmurrice de Jesus e terminando em algumas lesões de jogadores importantes, só podiam resultar numa época conturbada. Pelo menos exteriormente.

Agora o Benfica vive um dilema potenciado por Jesus. A um treinador que se exige um objectivo, pressupõe-se que cumpra, caso não cumpra só há um caminho. Não no caso do Benfica. Luís Filipe Vieira continuará sempre a contar com o que Jesus já fez pelo Benfica, recusando-se a assumir que errou, e que dar mais um ano a Jorge Jesus não passou de uma insistência sua que poderá custar muito ao clube que preside, não só desportivamente, mas ao nível da massa associativa, da massa adepta e dos próprios jogadores, que poderão atravessar uma crise de motivação tão grande que se reflectirá nas provas internas. O presidente dos encarnados está tão focado em fazer valer a sua posição que, nos últimos dias, têm surgido rumores de uma possível renovação de Jesus. Surreal. Mesmo que não seja verdade, será um assunto que dará pano para mangas e que destabilizará, quer se queira quer não, a estrutura do Sport Lisboa e Benfica.

Quanto a Jorge Jesus, segue o caminho de sempre. Vitimização constante, uma desculpabilização com tudo o que conseguir encontrar, desde árbitros, a relvados, a conferências de imprensa, até à matemática traiçoeira, um discurso que contornará sempre o busílis da questão e uma postura arrogante de quem sabe que está seguro e de que nem uma hecatombe o poderá afastar do comando técnico até ao final da época, e mesmo depois, ninguém sabe. No fundo, toda as pessoas perceberam mal, o objectivo era mesmo ser eliminado para ter mais tempo para as provas nacionais, pelo menos foi isso que reiterou Jesus. Veremos quanto tempo mais continuará o técnico a passar entre os pingos da chuva e a esquivar-se de todas as facas de dois gumes que lhe tentarão acertar. Veremos.