Fui de férias com o BES!

Ah, férias… Na minha mais sincera opinião, uma das melhores invenções da humanidade. Qual invenção da roda, qual quê! Eu cá passo muito bem sem um par de rodas, mas sem as merecidas férias é que não. E já que me encontro neste ponto da questão das férias permita-me, o caro leitor, demonstrar a minha indignação e revolta por todos aqueles pelintras que todos os anos optam por excluir as suas férias, para trabalharem e receberem o devido vencimento. Para esses pelintras eu tenho apenas um conselho, o qual eu acho que deveriam tomar seriamente em conta: vocês deviam falecer. Tão simples como isto. Assim que excluíssem as vossas férias em troco de uns míseros euros, deviam sofrer um feroz ataque de cólicas, e falecer derivado do excesso de evacuação. Sim, não era uma morte alegre, mas é o que realmente mereciam: uma morte escatológica.

E se, neste preciso momento, o leitor estiver a abanar a cabeça em sinal de reprovação pelo o que acabei de escrever, então meu caro amigo, pense na quantidade de pessoas que sofrem de depressões no emprego. Sim, existem muitas. Demasiado, até.

Agora pense comigo, caro leitor, se essas pessoas que optam por excluir as férias, de facto não o fizessem e pudessem usufruir de uns dias de descanso laboral, tenho a certeza que nunca chegavam a sofrer de depressão. Tenho razão, ou não tenho? Reflicta sobre isso, e depois diga-me a que conclusão chegou que agora é melhor eu avançar com a crónica de hoje, antes que o efeito dos 10 figos que acabei de comer, comecem a fazer o denominado “efeito clister”…

Tive a oportunidade de já ter gozado 2 semanas de férias. E como me souberam bem estas férias, ui, como souberam. Se não tivesse gozado estas 2 semanas, posso afirmar com toda a certeza que neste momento estaria sentado no chão a um canto da sala, com a cara enfiada nos joelhos e a chorar sem qualquer razão aparente. Ou então por saber que não havia vinho cá em casa, pois sempre que o vinho acaba cá em casa, é essa a minha postura: a depressiva.

Nestas férias tive direito a tudo o que se pode pedir numas férias de verão. Tive a oportunidade de gozar belos dias de praia. Tive o prazer de comer algumas bolas com creme nas praias algarvias que frequentei. Tive a oportunidade de descansar avidamente tardes inteiras, apenas com um bom livro e uma loirinha fresquinha sempre a acompanhar. E tive o pináculo de tudo o que significa “férias”: um escândalo financeiro!

O BES – Banco Espírito Santo (Entretanto já extinto…), fez parte das minhas maravilhosas férias de verão. Todos os dias, ao acordar, sempre que ligava a televisão, a primeira notícia que surgia no ecrã da caixa mágica, era o BES. Sempre que ligava o portátil para ler as notícias, era o BES que preenchia o ecrã. Cheguei até a receber mensagens para o telemóvel, com notícias sobre o BES. Todos os dias o BES fez parte da minha vida. Eu passei a tomar o pequeno-almoço com o BES. A almoçar com o BES. A lanchar com o BES. A jantar com o BES. A dada altura, os meus sonhos envolviam o meu envolvimento com uma estrondosa modelo loira que, invariavelmente, vinha mais tarde a revelar-se uma bancária que trabalhava num dos balcões de um banco que se chamava… Hum, como era mesmo o nome…? Hum… Ah, já sei: BES!

Passei a respirar o BES. Essa é a grande verdade. Resumidamente, foram assim as minhas férias de verão: foram 2 maravilhosas semanas de BES.

E quando se passavam horas sem ouvir ou ver a palavra BES, dei por mim a imaginar o que teria causado este enorme buraco financeiro do raça do maior banco privado português. Primeiro, atribuí as culpas ao Cristiano Ronaldo. Pois aquele menino deve ter sugado milhares de euros ao banco. Depois, quando esta ideia começou a desvanecer-se devido ao facto de ser parva, decidi virar-me para a Dona Inércia. A mulher era uma preguiçosa do pior, e deve ter feito a cabeça do Ricardo Salgado em água. Acredito que, a dada altura, terá sido o próprio Ricardo Salgado a levar o dinheiro à mulher, só porque ela achava terrivelmente exaustivo o facto de ter de ir a um multibanco, levantar o dinheiro que o BES lhe pagou para ela fazer o anúncio. O homem deve ter usado rios de dinheiro em gasóleo. E deve ter dado em louco por causa dela, arrefanhando uma data de euros para o bolso. Ah, aqui tenho de usar a palavra “SUPOSTAMENTE”, para assim evitar processos jurídicos. (Esqueço-me que não se deve brincar com esta malta poderosa, pois eles têm em demasia aquilo que eu tenho em carência, ou seja: euros.)

Depois de já não conseguir sobreviver sem saber notícias do BES, aguardei ansiosamente sobre qual seria a resolução que o Banco de Portugal iria encontrar para salvar o BES de uma catástrofe. E fiquei ainda mais assustado. Pois a solução passou por dividir o BES ao meio, ficando a existir o Banco Bom e o Banco Mau. E foi aqui que tudo voltou a fazer faísca na minha cabeça. Pois se passava a existir o Banco Mau e o Banco Bom, quem afinal seria o Banco Vilão? Porra, sem um Banco Vilão, esta história não teria piada nenhuma.

E foi aqui que a história do BES acabou para mim. E eu pensei: “bom, finalmente acabou. Já posso então usufruir das minhas férias, sossegado e sem apoquentações.” Mas foi tarde demais, pois quando cheguei a este raciocínio, já estava de volta à minha triste vida laboral.

Mas posso afirmar que foram 2 semanas de férias maravilhosas. Pois volto a reforçar que tive direito a tudo ao que umas dignas férias de verão, em Portugal, diz respeito; dias de praia, bolas com creme, tempo para leituras em atraso, e obviamente – o belo do escândalo financeiro à bela moda portuguesa. Em Outubro estarei novamente de férias. Agora resta saber qual será o escândalo financeiro que me vai fazer uma tremenda companhia… Até lá, veremos…

Até para a semana, malta catita. (It´s good to be back! Oh yeah!)