Fui dono da Rua Augusta… e do Rossio!
Da Companhia das Águas e de tantas Estações de Comboio.
Tive casas e hotéis.
A verdade é que também fui parar algumas vezes à cadeia, nunca me preocupou, sabia que bastava uma jogada de sorte ou um cartão livre da prisão para resolver tal infortúnio!
Fui rico, tão rico que quase levei a banca à banca rota!
A chovia caia lá fora, e nós, putos sonhadores, sentados na alcatifa eramos reis…
Ou peões, sim! Era isso que eu era, um simples peão cuja sorte ou destino, era ditado pelo lançar de dados!
Ao passar pela casa de partida receba 2.000 escudos, dizia o cartão!
Perdi…Ganhei…Pelo meio, algumas birras, discussões e muitas confusões.
O típico serão de sábado à noite.
Eu era rico, tão rico, que pouco ligava ao dinheiro, com o tempo perdi notas, cheguei a encontra-las espalhadas pelo chão debaixo da cama.
Como era bom aquele tempo, como era bom jogar Monopólio!
Não dávamos pelo passar do tempo, mesmo que os ponteiros teimassem em fazer chegar a noite!
“Só mais um pouco!” – Dizíamos!
Naquele tempo, tinha todos os sonhos do mundo e muitas vezes desejei que aquelas notas de papel fossem verdadeiras!
Mas não…
Nem as notas, nem as ruas, casas ou hotéis!
Hoje são apenas uma lembrança, uma memória, de uma infância bem passada.
E se um dia me perguntarem, eu afirmo…
Houve um tempo em que fui dono da Rua Augusta e do Rossio!
Não se esqueçam de recordar e sonhar, porque a vida é feita de sonhos!
Adorei esta crónica. Ela faz me lembrar a minhs própria infância e os sonhos que transportei psra o futurozTodos os que a lerem sentir se ão assim…retratados através do jogo do monopólio obrigsda Abílio pelo teu talento