Gostas deles grandes ou pequenos? – Gil Oliveira

Neste mundo consumista onde nunca estamos satisfeitos com aquilo que temos, creio que o objecto que menos nos satisfaz é mesmo… O nosso telemóvel ! Não sei porquê, mas parece que o “aparelhómetro” que usamos diariamente para fazer chamadas nunca é bom o suficiente. Se é grande é porque é grande, se é pequeno é porque é pequeno, se é lento – vá, tente lá adivinhar – é porque é lento (Adivinhou? Boa! Que perspicaz que é…). E fiquemos por aqui, pois caso contrário o meu texto de hoje seria apenas um amontoado de adjectivos.

Não sei o que é que os criadores destas maquinetas fazem, para que nós – tristes e sempre insatisfeitos compradores – queiramos sempre ter o modelo mais recente. Alguém que me diga, porque raio, é que não paramos de comprar telemóveis novos?! Eu ainda me lembro do meu primeiro telemóvel. Era praticamente um daqueles telefones de cabine só que cabia na mochila. Ou melhor, permita-me que reformule, só que era do tamanho da mochila! Estou a brincar, para a altura até era bem jeitoso. Tinha uma antena que esticava mais ou menos 1 metro, e uma tampinha toda jeitosa que servia para tapar as teclas. Belo telemóvel, ou direi antes, belo telefone porque de móvel ele tinha muito pouco…

Depois tive outro, um pouco mais pequeno e maneirinho, só pesava um quilo e duzentas. Já dava para andar no bolso das calças e ajudou-me a impressionar muitas miúdas… Calma amigo leitor, não se ponha já a pensar em badalhoquices… Eu não impressionava as miúdas pelo volume que ele fazia no bolso, para isso tenho outra coisa – as chaves de casa – impressionava-as sim, porque eu conseguia falar nele sem sequer ter de puxar a antena para fora (aii, aiii, mentes perversas…).

E a partir daí foi sempre a diminuir de tamanho e aumentar de preço. Quanto mais novo e pequeno era, mais caro se tornava (e mais eu o queria). – Ahh saga maldita, porque é que a minha mãe não me ensinou a ficar satisfeito com o que tenho. Porque raio quero eu sempre mais e mais. Depois admiro-me de andar a pensar que tenho direito a um emprego, a férias, a subsídios de férias e um ordenado decente, aii aiii…

Depois há uns 2 ou 3 anos atrás, tal como a moda da roupa – que funciona de uma forma cíclica – também a moda dos telemóveis sofreu uma alteração. Os grandes voltaram a estar na moda… Quanto maior melhor, todos querem ter um grande (atenção, continuo a falar de telemóveis) estou desconfiado que, mais dia, menos dia, ou esta moda muda outra vez, ou vamos ver muita gente a andar com LCD’s debaixo do braço.

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Crónica de Gil Oliveira
Graças a Dois
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