Governo PS à esquerda?

António Costa é o novo primeiro-ministro. No adeus a Cavaco Silva, o país tem um novo governo, do PS, apoiado no parlamento por BE, PCP e PEV. Mas é um governo muito ligado à esfera política do PS, e que estranhamente, e apesar do apoio da esquerda parlamentar, conta com poucos independentes à esquerda.

Costa e o PS vão governar “ao centro”. Aliás, será fácil fazer diferente e melhor do que o outro governo Passos/Portas fez, tal foi o cariz neoliberalista austeritário desse executivo. Mas tal não significa necessariamente que Costa “e sus muchachos” vão governar à esquerda. E efectivamente, não vão, e o sector da banca já o sabe.

O que se segue? O programa de governo posto em prática. Tendo em consideração que os governos em Portugal apenas executam 30 a 60% do total de medidas contidas nos respectivos programas de governo, este elenco PS terá de, numa primeira fase, pôr em prática as suas medidas emblemáticas, como a de repôr os salários da função pública e pensões nos valores de 2011. 

O problema vem depois deste orçamento para 2016. A oposição, agora de Passos e Portas, irá explorar as debilidades do acordo do PS com a esquerda parlamentar, como os assuntos externos, que dizem respeito à NATO e à UE. Mas sobretudo convirá ter em conta que o PS está comprometido com os acordos internacionais, incluindo o pagamento da dívida à Troika, e esse será o “ponto de fricção” do PS com a esquerda parlamentar. 

Pois é…mas o BE, o PCP e o PEV estão vinculados à austeridade que ainda irá perdurar com o governo PS. E nem mesmo um “desapoio” dessa esquerda fará a história ser reescrita, porque essa mesma esquerda parlamentar deixou de ser anti-austeridade.