Grécia: Plano A

Domingo há referendo na Grécia. Votar sim ou não ao plano apresentado pelos credores, eis a questão. Isto após se ter passado Terça-feira, data limite para o reembolso ao FMI de parte do empréstimo, que não teve lugar, e foi adiado por iniciativa do governo grego. E assim, de forma legal (e de acordo com regulamentos em vigor do FMI) se evitou um incumprimento.

Ao longo desta semana assistimos, dia após dia, a cenas de um envenenamento induzido pelos credores e parte da zona euro à Grécia. Propostas e contrapropostas lançadas, tanto pelo Eurogrupo como pela Grécia, enfim, todas elas reduzidas a pó, pois não tinham senão a intenção de influenciar o eleitorado grego quanto à sua inclinação de voto para o referendo de Domingo, 5 de julho. Porém, nisso, Tsipras e o seu Syriza têm feito o seu trabalho de forma sustentada. Aliás, conseguiram trannsmitir tranquilidade e segurança à maioria dos gregos, que não têm feito corridas aos supermercados em busca de bens essenciais.

Dia 6 de Julho, na próxima Segunda-feira, os bancos gregos estarão ainda fechados. A bolsa de valores de Atenas também. Se no dia anterior a Grécia tiver dito Não à questão do referendo, poderá encaminhar-se para sair do Euro. Apesar de, na minha modesta opinião, não ser óbvia essa possiblidade de saída grega (o “grexit”), a opção de colocação de nova moeda corrente, como um novo Dracma, terá, a meu ver, de ser colocada em duas fases: a primeira seria de colocar taxas de cambio temporárias, tendo uma moeda (o euro) como referência, e sempre avaliando as flutuações da mesma nos mercados financeiros; e a segunda fase seria a de definição do valor cambial definitivo da moeda grega, que nunca deveria ser muito baixo, pois assim poderia sempre utilizar-se a desvalorização do Dracma como instrumento de financiamento para o país. A política monetária da zona euro sempre foi mal gerida por isso mesmo: não podendo mexer no valor referencial da moeda Euro, o BCE tem poucos instrumentos para conseguir gerir bem a inflação.

Tsipras e Varoufakis terão, ainda, certamente duas ajudas de peso: Xi Jinping, a gerir os portos gregos, invistirá em dívida grega emitida numa nova moeda (conseguindo consolidar estrategicamente a sua presença na UE), e Vladimir Putin apostará também na Grécia, um dissidente óbvio da restante UE, que a par da Hungria, por exemplo, discordam das sanções impostas por Merkel, Hollande e o Presidente norteamericano Obama. E é este o busilis da questão, que a História encarregar-se-à de nos esclarecer a todos.