Guerra de “Talento”: “The Voice”, “X Factor” e “Rising Star” – João Cerveira

Parece que os “Talent Shows” vieram para ficar. E a avaliar pelo sucesso internacional deste tipo de formatos, ainda bem.

A RTP, que levou para o ar a saudosa “Operação Triunfo” (formato original espanhol), através da Endemol, em 2003, 2004, 2008 e 2011, trás agora de volta o formato “The Voice”. Este formato, original holandês (criado, curiosamente, pelo fundador da Endemol), esteve no ar em 2011, produzido pela CBV (que entretanto fechou portas). Nunca entendi certas escolhas para os jurados e mentores dessa edição. Não me pareceu boa ideia Mia Rose (não está em causa o seu talento, apenas a sua pouca experiência), nem uma dupla como os Anjos (aqui pelo simples facto de que não faz sentido alguns terem um mentor e outros terem dois… até a cadeira foi adaptada para duas pessoas).
Mas desta vez, o formato vai ser produzido pela Shine Ibérica (produtora de programas como o “Sabe ou não sabe” na RTP ou o “Vale Tudo” na SIC). Esta produtora tem obrigação de fazer melhor que a edição experimental pois já tem experiência na produção do mesmo formato noutros países como, por exemplo, a Austrália.

Entretanto, a TVI comprou para Portugal – bem como a ITV para o Reino Unido e a ABC para os Estados Unidos – o formato israelita “Rising Star”. Não vou falar muito sobre o formato porque mal o conheço. Mas acho curioso que os concorrentes actuem em frente a um videowall, onde vão aparecendo as caras dos telespectadores que, através de uma app para votação online, grátis e em tempo real, votam neles e que  apenas continuem se receberem no mínimo 70%  desses votos (é assim que funciona, segundo o “The Telegraph“). Curioso é também que a ITV, que ainda há pouco renovou com os formatos “X Factor” e “Britain’s Got Talent”, compre o formato no Reino Unido, fazendo concorrência a si mesma. O mesmo pode-se pensar da ABC que, tendo no ar o “America’s Got Talent”, tenha adquirido este novo formato para concorrer consigo mesma e com o “X Factor USA” da Fox.

Quem lê as minhas crónicas sabe a minha opinião sobre o “X Factor”. Em televisão, “X Factor” é sinónimo de extraordinário, extravagante, produção espectacular, grande entretenimento (com uma certa dose de polémica). Mas não em Portugal. A SIC comprou à FremantleMedia uma versão “low cost” deste gigantesco formato e se há palavra que não combina com “X Factor” é low

Por isso hesitei quando escrevi em cima que a Shine tem experiência e obrigação de fazer melhor no formato “The Voice”. Porque a FremantleMedia também produz o X Factor UK (o original), USA e Austrália (entre outros) e em Portugal é o que se vê.

Mas deixando de parte o caso português, creio que a mais importante lição a tirar desta comparação de formatos é, como disse numa conferência de imprensa há pouco tempo atrás Demi Lovato, mentora do X Factor americano: recordam-se de alguém que tenha ganho o “The Voice”, seja em que país for? Eu, sinceramente, não me lembro. E não é por falta de apoio. Porque, se o formato “X Factor” é patrocinado pela Sony Music, o formato “The Voice” é patrocinado pela gigante Universal Music.
No entanto, se perguntarmos se se lembra de alguém que tenha saído do X Factor, de certeza que conhece bastantes nomes. E nem são necessariamente os vencedores. Basta pensar que os One Direction ficaram em terceiro lugar. Mas para além deles há às Little Mix, Leona Lewis, Alexandra Burke, Olly Murs, Cher Lloyd, Melanie Amaro, Carly Rose Sonenclar, Fifth Harmony,  James Arthur ou, mais recentemente, Sam Bailey, Dami Im, Alex & Sierra e, os meus favoritos, THIRD D3GREE. É muito poder para um formato só.

 

 

Crónica de João Cerveira

Diz que…