Há coisas que deviam de acontecer à segunda – Maria João Costa

Assim de repente lembro-me que temporais que incluem chuvas fortes, rajadas de vento com uma velocidade mais rápida do que um coelho a pilhas, e sinais de trânsito pelo ar, deviam de acontecer numa segunda. Em qualquer dos cincos dias da semana, menos num sábado. Era assim tão difícil de perceber?

As estradas poderiam ser cortadas, o aviso para as pessoas com menos de cinquenta e cinco quilos podia ser levado a sério, e a neve só ia ser motivo para se desenhar anjinhos e pinguins no chão. As inundações não seriam motivo de um fim-de-semana em pijama, em casa, sem vontade para ir ao supermercado comprar pipocas.

Isto numa segunda-feira era ainda melhor, se fosse associado a um chefe compreensivo, e de preferência, com menos de cinquenta e cinco quilos para também não sair de casa.

Mas não, o tempo não tem um chefe sensível, deixa-o a trabalhar ao sábado, e o S.Pedro não nos pode fazer o favor de ficar em casa, sossegado, a comer pipocas e a ver um filme.

Também há os que são resistentes, os “impermeáveis, que não há caixote do lixo pelo ar que os impeçam de ir ao shopping no sábado à tarde, ou, caso seja estagiário, não há estátua de Camões que o faça pensar duas vezes antes de desligar o despertador numa segunda de manhã.

Quer seja sábado ou segunda, nenhum dia é um bom dia se o carro tiver uma árvore no lugar dos passageiros.

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!