Há modas e modas… – Laura Paiva

Em pleno Inverno, com os dias frios que temos sentido – pelo menos a Norte – ver alguém que anda de (mini) calções de ganga, com a bela da pernoca ao léu, faz-me arrepiar (de frio). É certo que são moçoilas novas, com sangue quente mas, ao que parece, apenas nos membros inferiores. Acho estranho vê-las envergando camisola sob camisola, casacos grossos, protectores de orelhas, cachecóis, gorros e nas pernas apenas um simples par de collants… Será que as meninas não sabem que o ar frio anda rasteirinho e que se podem constipar de baixo para cima?

Já alguma das senhoras comprou um par de sapatos nesta estação? Eu pensei nisso, tentei mas não fui bem sucedida.
Não há pachorra para tanta galocha e para tanto tacão (ou salto, de acordo com a área geográfica) que mais faz lembrar, em altura, as torres Petronas! Será que quem desenhou os sapatos conhece a realidade de algumas mulheres? Não, não deve conhecer!
As montras das sapatarias estão “pejadas” de calçado com, no mínimo, 15 cm de salto – hei-de jurar que os há bem mais altos mas não levei a fita métrica. Alguns chegam mesmo a provocar-me vertigens! Por muito que me digam ah e tal são compensados e por isso tornam-se muito confortáveis… não me consigo imaginar a usá-los 12 horas por dia, 5 dias por semana, a subir e descer escadas 525 mil vezes ao dia, a andar a pé, fazendo quilómetros pelas ruas da cidade, e de pé nos transportes públicos!

Eu, que até gosto de um pouco de altura extra, desisiti – sendo impensável o seu uso diário nada justifica a sua aquisição!
Desta forma, vou-me ficando pelos que já possuo e que me dão garantias de conforto, segurança e mobilidade. Gostaria que salientar aqui o papel importantíssimo das minhas sapatilhas (ou ténis, de acordo com a área geográfica) e das minhas pantufas: nunca me deixam mal! Ai como eu gostava de poder usá-las todos os dias, a todas as horas…


Nós, mulheres, somos tão incompreendidas no que toca aos sapatos mas é premente ter variedade para as diversas utilizações.
Acho que apenas conseguiremos explicar, aos homens, essa necessidade se convertermos a linguagem para algo que lhes seja familiar: automóveis!

Os automóveis de corrida, usam pneus slick em asfalto seco mas quando chove isso é um erro grave – não fazem o devido escoamento da água e por isso perdem aderência e podem despistar-se.
Há uma enormidade de tipos de pneus e jantes, escolhidas pelas características dos automóveis, pelo perfil, pela largura, pela carga, pela jante, pelo indíce de velocidade e até pelas estações do ano! E vocês, homens, compreendem bem a importância dessa variedade e a vossa escolha é sempre ajuízada.

Obviamente que os automóveis não possuem tantos pneus como as mulheres possuem sapatos mas creio que agora ficam a perceber um pouco melhor a nossa necessidade de adaptação a todas as situações – podem considerar-nos um veículo todo o terreno com tracção às duas pernas!

Crónica de Laura Paiva
O mundo por estes olhos