A Hipocrisia na Política

Desconheço se foi sempre assim, mas o facto é que nos dias de hoje a política rege-se por valores e atitudes que não engrandecem os seus protagonistas e que provocam o afastamento do povo – único propósito para a existência da política. A hipocrisia na política assume hoje contornos que chegam a ser de um silêncio ensurdecedor e isso incomoda, perturba e deixa perplexos os eleitores.

Pois bem, notemos alguns desenlaces ocorridos nos últimos anos. A maioria ao ganhar o país nas últimas eleições, assumiu como seu o programa da troika e tentou implementá-lo “ainda para além” do que estava programado. Mas não em tudo, apenas no ajustamento da economia e das finanças e outras reformas “menores”, tendo sido implementado um abrupto corte nas despesas do Estado, principalmente do lado do rendimento das famílias e das empresas e do lado do investimento estatal: acompanhado de um “enorme” aumento de receitas por via fiscal.

Ora, o corte do rendimento, originou uma queda no consumo privado e no investimento das empresas e particulares e o corte no investimento público originou uma quebra no consumo e nos bens valorizáveis. Tudo isto junto provocou uma substancial redução do PIB (Produto Interno Bruto), com o consequente aumento do peso da dívida na nossa economia – que já era bastante e em ritmo crescente devido a compromissos que o Estado tinha assumido anteriormente (PPP’s, grandes obras públicas, buracos nas empresas públicas, etc) – e ainda o aumento do desemprego devido a essa redução na atividade económica.

A economia respondeu melhor e mais depressa do que se esperava, uma vez que as empresas mais evoluídas tecnologicamente e com maior carga de investigação e desenvolvimento, voltaram-se para o mercado externo, para vender o que não conseguiam internamente e esse facto provocou um aumento das exportações que, a par com uma diminuição das importações  devido à quebra no consumo e no investimento, fez com que a nossa balança comercial se tivesse equilibrado.

É bom sabermos que finalmente somos auto-suficientes. Só não é bom quando cada português não pode ou não consegue usufruir de tudo quanto gostaria e merece, por falta de recursos.

Este lado dos fatores do PIB – as exportações – foi o único que aguentou uma quebra ainda mais substancial da economia. Após o impacto de todos os valores negativos terem recaído sobre a economia, eis que começamos a ver esta recuperar palidamente da recessão, contra a vaticinação (e desejo) de muitos. Vemos também timidamente o desemprego começar a recuperar – muito à custa de bastante emigração, mas não só, também devido à subida do emprego.

Estava eu a dizer, antes desta curta divação explicativa da evolução da economia portuguesa nos últimos anos de troika, que a amioria não pediu ajuda nem concensos nessa altura, ou seja nos primeiros 2, 3 anos de governação. Mas eis que porém foi de repende possuída pelo sentimento da concensoalidade – talvez inspirada pelo Presidente da República – e desatou a fazer propostas de apelo ao concenso com o PS no que toca às reformas estruturantes necessárias ao país.

Quais meninos birrentos… os peésses decidiram que não é altura de concensos – por talvez estarmos a um ano das eleições e a sua cedência poderia ser um sinal de fraqueza e, pensam eles, poderiam vir a beneficiar eleitoralmente a maioria. Talvez lhes possa ser dada alguma dose de razão… mas também ninguém os chamou para resolverem os problemas que deixaram no país… Devido à sua não ter sido escutada anteriormente… Mas, meus senhores!!! Estamos a falar de quê? De uma cambada de meninos birrentos ou de uma país que sofre enquanto continua pobre e eternamente a viver das esmolas dos seus parceiros? De um país que espera das pessoas que elege para o governar que sejam honestas, trabalhadoras afincadas e que saibam sempre defender a causa pública! Que transformem este país num lugar justo, onde todos têm acesso à justiça, onde o Estado não esmaga os cidadãos e as empresas com uma fiscalidade crual e implacável. Um país onde não haja necessidade de existirem “Bancos Alimentares e afins” pois todos têm o que comer, o que vestir e onde dormir. Um país onde todos tenham acesso à saúde e à educação, mesmo que os seus recursos não o permitam. Um país em que não sejam necessários de quando em vez injeções de capital externo para que nada falte aos seus cidadãos.

Deixem-se por isso de tanta hipocrisia política, vós que falais todos a mesma língua, dialoguem, em nome do povo, a favor do povo e pelo povo, sem receio das urnas, mas em benefício de todos.