História chocante da vida real – Bárbara S. Delazeri

     Um filho começa a existir desde o planejamento de um casal, antes mesmo da fecundação. Então a criança é formada, à partir daí a ela passa a ser amada, desejada. Os pais começam a fazer planos para o nascimento do bebê, enxoval, nome, dentre tantas outras coisas. São nove meses de dedicação, amor, carinho e cuidado.
     A criança nasce, para a alegria dos pais, dos avós e familiares. Ela cresce, e os pais vão colocando em prática tudo aquilo que planejaram. Ela vai para a escola, sente medo, os pais ajudam a criança a acostumar-se e com o tempo ela passa a gostar da escola.
      No decorrer da vida e do crescimento da criança, os pais vão acompanhando e se orgulhando com cada conquista, por menor que seja. É uma vida que está se construindo.
      Até que um dia, a criança, passa a ser um adolescente. A sensação de tarefa cumprida chega no momento em que os pais percebem que o filho passa a andar com suas próprias pernas.
      Então simplesmente uma reviravolta acontece: o Pai recebe um telefonema do hospital, pelo qual é informado de que seu filho chegou até lá sem vida, pois não resistiu aos dois tiros que levou de um assaltante, que tentara roubar seu carro, quando estava saindo da Universidade, e que o bandido, por sua vez, fugiu sem deixar rastro. Naquele momento, em questão de milésimos de segundo, passa um filme na cabeça do pai/mãe onde recorda de tudo o que passou e construiu ao lado do filho, e que agora, está morto.  A dor demora alguns minutos para chegar ao coração dos pais, pois em um primeiro momento, são capazes apenas de pensar que tudo aquilo é mentira, e que seu filho vai chegar em casa, beijando os pais, como sempre fizera. Depois de um certo tempo, a sensação de dor e desespero chega ao coração, junto com a incredulidade. Então surgem as dúvidas, “O que houve? Como foi? Quem foi?”. A raiva de quem cometeu tal delito nem aparece neste momento, pois os pais só querem saber do filho, ver o filho!
Passados tais acontecimentos, é hora de pensar em velar o corpo, no enterro, em avisar os familiares.  Após isto, haverá o encontro dos familiares, para por fim despedir-se e ver a pessoa, pela última vez.  Todos com diferentes sentimentos no coração, de acordo com a intimidade e relacionamento que possuíam com a pessoa, mas um deles prevalece, em todos os corações, sem exceção: O sentimento de incredulidade, por ser algo tão bárbaro, tão cruel e frio.
      À partir daí, quando tudo já está claro e a família já entendeu que tudo o que passou não foi apenas um pesadelo, começa a surgir o vazio no peito, da falta da pessoa, a saudade, a vontade de dizer à ela alguma coisa que ficou para trás, pedir perdão por alguma palavra mal dita, ou até mesmo dizer à essa pessoa o quanto a ama.
     Essa história não é específica, trata de uma história uma história que diariamente é vivida por pais e mães do mundo inteiro. Levam-se anos para construir uma vida, e simplesmente, aparece uma pessoa da qual nunca ouviu falar da sua família para acabar com ela, em um piscar de olhos. E o pior de tudo, é que em muitas vezes, esses assassinos criminosos saem impunes, enquanto familiares sofrem pela justiça.
     É claro que estas pessoas, que para cometerem tais crimes tendem ser pessoas sem espiritualidade, devem pagar pelos seus crimes, de acordo com o que a lei determina.
Muitas vezes, após anos de processos judiciais, o assassino é condenado a 20 anos de prisão em regime fechado, e isso traz um sentimento de dever cumprido para a família da vítima, afinal “justiça” feita, embora a família jamais terá o ente de volta.
     Mas a verdade, é que todo ser humano deve estar ciente de que uma situação como esta pode ocorrer com qualquer um, e quando pensamos nisso, automaticamente, passamos a valorizar mais os momentos com as pessoas que amamos, pois muitas vezes, quando alguém parte, os que ficam sentem culpa por não ter dito algo, por ter feito alguma coisa indevida, enfim, são tantas situações.
     A verdade, é que as pessoas que amamos são tiradas de nós com muita facilidade, você vê um familiar seu saindo de casa para ir ao mercado, e simplesmente a pessoa pode não voltar para casa. É tudo muito rápido, tão rápido que as pessoas querem voltar atrás para tentar trazer o ente querido de volta quando algo assim acontece. Infelizmente, isto não é possível, e aquele vazio no peito permanece,  fica a dúvida: “Por quê?”.
     O ser humano muitas vezes é ingrato e descontente, ficando irritado porque o jantar programado não saiu exatamente como planejado, ao invés de valorizar o fato de que a família está reunida, e que é um momento de levantar as mãos ao céu e dar Graças à Deus.
 Diga aos seus pais hoje o quanto os ama, ao seu irmão o quanto ele é importante para você, ao seu cônjuge o quanto é feliz ao lado dele. Faça isso hoje, pois o amanhã à Deus pertence, e só ele sabe a hora de cada um de nós. Portanto não deixe de dizer uma palavra doce hoje, pois amanhã poderá ser tarde demais. Cabe ao ser humano valorizar cada instante como se fosse o último, para que quando alguém vá, possa sentir saudades, e não remorço por não ter dito a essa pessoa o quanto a amava enquanto era tempo e saber que tudo valeu à pena.
Crónica de Bárbara S. Delazeri
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