Histórias, lugares e factos – A águia e o falcão

Conta uma maravilhosa história, de autor desconhecido, que um casal de indígenas pretendia se casar. E pediram um conselho ao seu líder, para que seu casamento durasse toda a vida. Emocionado por ver um casal tão jovem, apaixonado e cheio de sonhos, ele solicitou que os dois fossem à montanha, e que a mulher lhe trouxesse uma águia e o homem, um falcão. Ambos vivos.

Ao amanhecer, os dois apresentaram-se diante do líder, com as duas aves, conforme solicitado. Então ele pediu ao casal que amarrasse as duas pelos pés, e que depois, soltassem-nas ao ar livre. No entanto, elas não conseguiram voar, apenas arrastar-se pelo terreno. Depois de alguns minutos, elas começaram a bicar-se, machucando uma a outra. O grande líder disse então aos dois jovens que nunca esquecessem a cena que estavam a ver.  Pois era uma lição para a vida a dois.  Um casal é como uma águia e um falcão. Se viverem amarrados um ao outro, jamais progredirão, e, além disso, cedo ou tarde, machucariam um ao outro.  Por fim, ele concluiu dizendo que para o amor ser crescente, os dois devem voar juntos, jamais amarrados. Cada um deve voar com suas próprias asas.

Esta breve e tocante história, nos faz refletir sobre os dias atuais, quando muitos relacionamentos, sejam amorosos ou não, tornam-se prisões. Vemos muitos casais aprisionando os sonhos um do outros, tornando-se cada vez mais controladores. Com a falta de compreensão e de respeito aos sonhos do outro, colocamos nossos parceiros em um cárcere, onde se sentem sozinhos e com baixa auto-estima.

Isso torna os relacionamentos insustentáveis. Logo, o número de divórcios, que já é absurdamente grande, tende a aumentar ainda mais. Quando fazemos os votos de um casamento, estamos tomando uma das decisões mais importantes de nossas vidas, que não deve ser negligenciada. A troca de alianças sela um relacionamento com duração até a morte. Contudo, muitas vezes nossas atitudes egocêntricas fazem com que este tempo seja diminuído, o que não deveria ser considerado algo normal, como nos dias de hoje. E este é um dos principais motivos que fazem com que clínicas e consultórios psiquiátricos estejam lotados.

Entretanto, o bom diálogo pode resolver grandes problemas e quebrar barreiras, fazendo com que coloquemos o amor em primeiro lugar, à frente dos problemas e das supostas causas impossíveis de se resolver. É simples, mas não fácil. Exige dedicação, paciência, e principalmente, respeito. As pessoas devem prender-se pelo coração, e não por regras e relacionamentos à base da ditadura. Devemos deixar as pessoas que amamos “voarem”, pois somente pessoas livres são capazes de amar.

Crónica de Bárbara S. Delazeri
Histórias, lugares e factos