Histórias, lugares e factos – O gatilho da memória

Em muitos momentos em nossas vidas, repreendemos as pessoas à nossa volta quando têm uma atitude impensada, como uma palavra mal proferida, atitudes impensadas, dentre outras.
Estudando um Fenômeno psicológico, chamado gatilho da memória, podemos compreender e explicar tais atitudes, como uma situação de medo súbito, raiva momentânea, um corte no corpo, uma situação de risco, ou algo do gênero.
Diante de uma situação como as descritas, esse gatilho, que é um fenômeno inconsciente, é acionado. E gera uma leitura extremamente rápida da memória. Isso é o que produz as primeiras reações emocionais e os primeiros pensamentos. Somente depois de alguns segundos é que recobramos a nossa consciência, e passamos a administrar novamente o que sentimos e nossas atitudes. Isso explica porque uma pessoa sob foco de tensão raramente é capaz de gerir e administrar seus pensamentos, logo, reage sem pensar.

No livro “O Mestre da Vida”, do escritor e psicoterapeuta Augusto Cury, encontramos um exemplo do gatilho da memória: Conta uma história que se passou em um tribunal, que um homem estava a ser julgado por ter matado um homem, sentindo-se humilhado por este ter lhe jogado um copo com água no rosto. O promotor estava abismado com o réu, interpretando sua atitude como torpe e absurda, dizendo que tal pessoa deveria estar atrás das grades. Foi quando então o advogado de defesa teve uma idéia, resolveu recriar a cena do crime, criou u clima de atrito na mesa de jurados e inesperadamente, lançou uma vasilha com água em seus rostos. Todos ficaram extremamente nervosos e o juiz interpretou tal atitude como um grande desacato. Mas logo a seguir, o advogado desculpou-se e explicou que cometera tal atitude para que a mesa de jurados se colocasse no lugar de seu cliente e lhes pediu que julgassem o réu baseados nas suas emoções e consciências. O réu acabou por ser absolvido.

Frequentemente somos vítimas da nossa psique. Portanto, não devemos exigir lucidez daqueles que nos rodeiam quando estão ansiosos, contrariados ou magoados. Devemos exercitar nossa paciência nesses momentos, afinal, todos passamos por isso vez ou outra. Quando o gatilho da memória está a gerar raiva, medo ou ansiedade, agimos por instinto e não como seres racionais.
Nossa tendência é perder a paciência facilmente, e “detonar” o gatilho sempre que algo não se sai como o esperado. Mas apesar de sermos controlados pela nossa emoção, devemos aprender a ter a sabedoria necessária para administrá-la, para não gerar atitudes doentias e ferir frequentemente aqueles que nos rodeiam com palavras e atitudes impensadas. Precisamos policiar a nós mesmos, senão certamente viveremos na pior prisão do mundo: a prisão da nossa emoção.

Crónica de Bárbara Delazeri
Histórias, lugares e factos