Hitler vs. Churchill, o anão e o titã.

Associamos Hitler, a loucura, poder da palavra, retorica, discursos inflamados, genocídio, segunda guerra mundial, anti-semitismo, nazismo, ditador e ironicamente judeus. Associamos Churchill a sanidade, inteligência, perseverança, discursos históricos, palavras certas, um certo dramatismo, o principal motivo para não falarmos todos Alemão na Europa, e ainda, a democracia.

Foi uma guerra entre um anão e um gigante, Hitler nunca teve as armas de Churchill, armas essas fundamentais para travar uma batalha destas, Churchill era ‘sangue, suor e lágrimas’ já Hitler era ‘nunca capitularemos nem que para isso tenhamos de levar o mundo connosco’.

Churchill lutou sempre por algo que Hitler nunca percebeu, a democracia, já Churchill percebeu desde cedo o que Hitler representava, tal como podemos ler no seu famoso livro, ‘arms and the covenant while England slept’, ou como é mais conhecido enquanto a Inglaterra dormia. E foi mesmo esse o problema, enquanto os Ingleses e a própria Europa dormiam, Hitler armava-se e formava um enorme legado geracional de anti-semitismo e loucura racial.

Mas Churchill nunca dormiu, como Chamberlain, o primeiro-ministro Britânico antes de Churchill, confidenciou a sua irmã, na fase inicial da ascensão de Hitler, ‘Hitler é alguém em quem se pode confiar’, Churchill nunca se deixou enganar, só tinha uma convicção, democracia e os interesses Ingleses, e foi isso que mostrou desde sempre e até derrotar o III Reich.
Foi sempre uma luta desigual, mas não se deixe enganar caro leitor se os homens de Churchill levavam na cabeça as suas palavras, a democracia e a liberdade não só das suas famílias, amigos e concidadãos, os homens de Hitler levavam as suas palavras no coração, um sítio bem mais perigoso.

Hoje em dia para nós, é absurdo pensar como um homem conseguiu enfiar na cabeça de uma nação inteira ideais como os do nazismo e os fez lutar até ao último folego pelo mesmo. Existem muitas explicações plausíveis, mas estaríamos a ser ingénuos se não culpássemos também o resto da Europa, e também os Estados Unidos por isto, porquê? Porque a segunda guerra foi uma consequência clara, da primeira.

A Alemanha estava destruída, endividada, inflacionada e com o orgulho ferido, ainda para mais, e ao contrário do que muitos pensam, na primeira guerra não houve vencedores, houve desistências. Mais rápido ou mais devagar a Alemanha apenas desistiu, poderia ter perdido se não o fizesse? Era o mais provável, mas não foi isso que foi transmitido pelos heróis de guerra Alemães.

Para além disto juntou se o desespero, a fome, a falta de dinheiro e de teto para dormir. Se já parece muito e suficiente, na zona do antigo império Habsburgo, onde a própria Alemanha tinha uma grande área e população, na minha opinião Hitler foi a faísca não a ‘acendalha’, essa já lá estava, ainda hoje lá está, é provavelmente uma das regiões do planeta onde este problema cultural de superioridade racial é mais evidente.

Portanto Churchill teve de lutar contra a loucura mas também contra esse enraizamento num povo inteiro. Ao mesmo tempo tinha de ter um olho na URSS que se preparava para fazer uma campanha de ataque ao leste que desejava desde que o tinha perdido no avanço alemão.

Churchill soube lidar com o atraso que levava em termos bélicos para Hitler, o que é de se lhe tirar o chapéu, soube juntar a si os aliados que precisava para ganhar a guerra, e soube depois acalmar os dois ‘monstros’ que se erguiam, EUA e URSS.
Churchill 10 – Hitler 0.

João Campos