Homens VS Mulheres – Amílcar Monteiro

Se, ao ver o título desta crónica, o leitor sorriu de imediato e ficou com imensa vontade de se divertir um pouco ao ler as diferenças entre homens e mulheres, então lamento desiludi-lo, mas este texto não é para si. Aliás, é o exacto oposto daquilo que procura. Como tal, aconselho-o a parar de ler imediatamente, pois corre o sério risco de se ofender. Se quiser ler sobre diferenças entre géneros, pode ir fazê-lo noutro lado, pois certamente textos sobre essa temática não serão difíceis de encontrar.

No entanto, se ao ler título desta crónica, o leitor começou a ficar com vómitos ou com uma vontade incontrolável de assassinar o autor, então este texto é exactamente para si! Peço desculpa pelo trauma inicial do título, mas estou (quase) seguro que o resto do texto lhe vai agradar. Vamos lá a isto.

Chega de crónicas, livros, peças de teatro, séries ou simplesmente piadas sobre a diferença entre homens e mulheres. Não faz sentido continuar-se a abordar um tema que já foi completamente dissecado por milhares de autores, bem antes de qualquer um de nós sequer ter nascido. Basta. Já não existe nada a acrescentar a este assunto. Acabem, de uma vez por todas, com esta estupidez previsível e aborrecida.

É que sempre que vejo uma obra entitulada “Homens Versus Mulheres”, “Guerra dos Sexos” ou “Os Homens são de Marte e as Mulheres de Vénus”, não só me apetece entrar imediatamente num estado comatoso – para assim não haver hipótese de entrar em contacto mais aprofundado com a obra – como também já sei exactamente os estereótipos bafientos que vão ser referidos na mesma. Sei que os homens vão ser categorizados como seres brutos, porcos e adúlteros, que gostam de carros, futebol e sexo, não sabem cozinhar e adormecem depois do sexo; enquanto as mulheres vão ser definidas como criaturas sensíveis, chatas, fiéis e românticas, que simulam dores de cabeça para não terem sexo, nunca conseguem achar nenhum objecto dentro da mala e que demoram muito tempo a tomar banho e a vestir-se. Vêem? Não é muito díficil chegar lá, pois não?

Lamento, mas já todos percebemos que vocês, autores destas obras, não passam de asnos sem imaginação para escrever algo novo, preferindo ao invés copiar uma fórmula ultra-comercial repetida até à exaustão. O que vocês fazem não passa de um plágio requentado. E sim, eu sei que se estas obras continuam a existir é porque vendem e isso só acontece porque há público para elas. No entanto, não culpo de todo esse público pelo sucesso destas obras porque, para mim, as pessoas que se riem deste tipo de coisas não podem ser responsabilizadas. É que se trata de gente com a mentalidade de um recém-nascido: podem percepcionar a mesma piada cinquenta vezes que continuam a rir-se como se fosse a primeira.

Se depois de ler o meu ponto de vista, o leitor continua a considerar as obras que discutem a diferença entre sexos como algo criativo e de valor, então peço-lhe apenas para fazer uma pequena experiência: vá à sua cozinha, esmague dois copos de vidro até ficarem em pó, misture esse pó com sopa, ingira tudo e depois venha falar comigo para debatermos novamente esta temática.

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NOTA: O autor pede desculpa pelo fraco conteúdo humorístico deste texto. A verdade é que o assunto abordado o deixa de tal forma colérico que ele fica absolutamente consumido pelo ódio e, como tal, incapaz de realizar raciocínios humorísticos. Encare o texto como uma espécie de catarse de um veterano de guerra que sofre de stress pós-traumático. Obrigado pela compreensão.

Crónica de Amílcar Monteiro
O Idiota da Aldeia
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