Hospitais públicos Vs hospitais privados – Gil Oliveira

Olá amigo leitor. Um Bom Ano para si! Ai, já não é correcto desejar-se um bom ano?! É só até dia 6 de Janeiro? Então retiro o que disse. Um mau ano para si! PUMBA! Tome lá que é para aprender… (Nota mental para 2014: controlar o mau feitio!)

Hoje trago-lhe uma história bastante traumática para mim. Só de me recordar fico logo com vontade de me encolher num canto da sala, agarrado aos joelhos, enquanto canto músicas infantis. O drama, a tragédia, a vergonha…

A semana passada fui pela primeira vez, na minha vida, a um hospital privado. E posso-lhe dizer que foi uma experiência traumática. Tão traumática que acho que nunca mais lá porei os pés…
Assim que cheguei ao Hospital da Luz deparei-me com um prédio todo bonito, cheio de elegância e glamour. O segurança ao perceber que eu estava meio perdido manda-me dirigir até o guichet. (Logo aí começou mal. Então e se eu não soubesse francês? Como é que eu saberia onde me dirigir? E dirijo-me como, se já estacionei o carro?) Quando chego ao guichet a funcionária pede-me o cartão de cidadão e manda-me sentar. Estava eu a caminho da sala de espera (aliás, devo referir que aquilo não é uma sala de espera. Aquilo é a recepção do RITZ. Aquilo tem sofás, cadeirões, TV Led’s, máquinas de vending e até me pareceu que tinham uma mesa de bilhar lá ao fundo.). Quando estou quase a sentar o meu ‘real bufunfo’ numa daquelas fantásticas poltronas sou chamado por um dos funcionários.

Passo pela porta e vejo uma enfermeira jovem, simpática e super eficiente, que me faz a triagem quase só de olhar para mim. (O que eu considero justo pois também eu lhe fiz a triagem só de olhar para ela.) “Aparentemente é gripe mas vá com a minha colega que a doutora atende-o já de seguida”, disse-me ela com uma voz super simpática e atenciosa. Eu acho que se ela me tem dito que eu tinha Hepatite A, B ou C eu tinha rido e agradecido da mesma forma, tal não era a simpatia…

Logo de seguida aparece outra enfermeira que me encaminha para um gabinete. A minha cabeça ficou logo a mil: “Uau…o que será que a jeitosa da enfermeira quer de mim?”; “Será que este é um daqueles momentos como se vê nos filmes da Playboy?”. Mas afinal não. Era apenas para eu ir para a sala onde estava o médico… Bolas!

O doutor, após olhar para mim de cima a baixo, pergunta-me: “O senhor não estará, por ventura, enganado no gabinete?”. Ao que eu respondo: “É capaz Sr. Doutor. Eu distraí-me quando a enfermeira me disse que podia entrar à vontade e nem tomei sentido onde era…” E a verdade, amigo leitor, é que estava no gabinete errado. Olho para a placa que o Dr. tinha ao peito e leio: Dr. Alberto Magina – Ginecologista.

Nada contra os ginecologistas, pelo contrário. Até são uns tipos que eu invejo muito. Nós, comuns mortais, se queremos ver as partes íntimas de uma senhora temos que nos esforçar bastante. Levá-las a jantar, ao cinema, fazê-las rir, etc…etc… Já eles, basta-lhes olhar para a senhora dizer: “Ora então vamos lá ver isso…” E pronto, tudo ali à mostra… Aiii Ginecologistas… Como vos invejo!! Já para não falar que um homem, que seja apanhado na cama com outra mulher, é logo acusado de traição. Um ginecologista basta-lhe apenas dizer: “Desculpa querida, tive que trazer trabalho para casa. Prometo que não se repete.”
Mas continuando. Saio daquele gabinete e dirijo-me para o do lado. Vem uma médica ainda mais jeitosa do que a enfermeira e diz-me: “Dispa-se, se faz favor!” E eu nem hesito… Começo a tirar a roupa a toda a velocidade, quando ela me diz: “Mas o que raio está o senhor a fazer? Eu disse-lhe: “Diga, se faz favor.” E não, dispa-se se faz favor.”. Raios! Tinha percebido mal. Talvez a minha mente ainda estivesse a divagar pelos filmes da Playboy, ou talvez a gripe já me estivesse a apanhar os ouvidos, mas isso naquele momento não interessava. A única coisa que interessava é que tinha acabado de fazer uma figura de otário em frente a uma Doutora toda jeitosa e que estava notoriamente irritada comigo…
A consulta durou 2 minutos, mas a mim pareceram 2 horas, tal não era a vergonha que sentia. No final a Dra. Viviane deu-me um aperto de mão, um papel e desejou-me as melhoras, mas via-se na cara dela que me desejava… as pioras (Hum?! Será que ‘pioras’ existe? Não interessa… Você percebeu!).

Conclusão, no total devo ter estado 15 minutos dentro do hospital e saí de lá ainda pior do que quando entrei. Cheguei com uma gripe, e saí com uma gripe, uma bola na garganta e um caso sério de ‘vergonhite’ aguda. (Sendo que para estas últimas duas doenças não me receitaram nada.)

Por isso, amigo leitor, é por estas e por outras que eu prefiro os hospitais públicos. É certo que podia ainda lá estar a esta hora, ao frio na sala de espera, e talvez até me tivesse saído mais cara a consulta, mas garanto-lhe que não me apareciam enfermeiras jeitosas e muito menos médicas altas, loiras e esbeltas, de nome Viviane. Quanto muito um gordo baixinho vindo da Guiné chamado Mumbaça, ou algo do género!

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Crónica de Gil Oliveira
Graças a Dois
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