The Hunger Games: A Revolta Parte 1 (Review)

Um ano depois da minha primeira review para o Magazine Mais Opinião cá estou eu com a sequela da sequela que analisei… Mas antes de prosseguir não posso deixar passar o novo trailer de Star Wars: The Force Awakens que quebrou recordes, embora com a sua estreia prevista para daqui a um ano. Não foram revelados grandes pormenores mas já circula na internet um possível plot que parece ter condições para entusiasmar os fãs, mas atenção porque pode muito bem não ser verdade.

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Titulo Original: The Hunger Games: Mockingjay – Part 1

Ano: 2014

Realizador: Francis Lawrence

Produção: Nina Jacobson, Jon Kilik, Suzanne Collins

Argumento: Peter Craig, Danny Strong, Suzanne Collins

Actores: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth

Musica: James Newton Howard

Género: Ficção Cientifica

Ficha técnica completa em: 

http://www.imdb.com/title/tt1951265/

Um ano depois do sucesso do seu antecessor seria de esperar que The Hunger Games: A Revolta – Parte 1 fosse um dos filmes mais esperados do ano juntamente com O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos. Analisei há poucos meses o sucesso dos filmes de temática distópica, e se The Hunger Games começou todo um novo ciclo é justo que mantenha uma certa qualidade de forma a mostrar à concorrência quem é de facto o percursor e o mestre deste “género”.

Como sempre, e desde que foi popularizado por Harry Potter, dividir o ultimo capitulo de uma saga em duas partes veio para ficar, é já uma maquina de fazer dinheiro para produtoras e cinemas quer seja necessária essa divisão por motivos de historia ou não. Corre-se um risco grande neste processo uma vez que uma narrativa segue uma serie de regras, e normalmente essas mesmas regras direccionam a história para um final estrondoso antecedido por toda uma preparação com um ritmo mais suave, é preciso saber onde cortar, e se inclusivamente a história tem condições para isso.

Se The Hunger Games (2012) tinha apresentado um conceito novo e The Hunger Games: Catching Fire (2013) tinha prosseguido a mesma fórmula, Mockinjay distancia-se do esperado não por liberdade artística mas sim porque a história obriga a uma narrativa mais claustrofóbica, menos focava na acção final – que por vezes dividia os filmes anteriores em duas partes claramente distintas – e que como resultado final mostra à audiência uma peça coerente do início ao fim. O custo dessa coerência é um filme que pode não agradar a quem estava a espera de mais um espectáculo de arena ou de um final que engrandece-se a narrativa. Mockinjay é a evolução pretendida nesta saga, que começou por um filme muito forte em termos de conceito e acção, passou para um segundo filme no perfeito equilíbrio entre acção e emoção, e surge agora com uma história cada vez mais adulta e emotiva no sentido traumático da palavra. Podia chamar-lhe uma espécie de fechamento da narrativa pois o foco deste filme é sem sombra de dúvida Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence), não que não o fosse anteriormente, mas agora mais afastada das personagens que a rodeiam para uma acção que a segue sem interrupções do início ao fim, não fosse esta personagem a personificação de esperança dos 13 distritos. Este foco na personagem de Katniss faz brilhar Jennifer Lawrence com uma representação que como sempre deixa qualquer pessoa presa à cadeira do início ao fim, e se haveria desafios para a actriz nestes três filmes, a exigência tornou-se ainda maior com um filme que testa a sanidade da personagem e coloca todo o tipo de desafios psicológicos que a levam ao limite.

Não só o formato mas também o conteúdo da história continua a ser o ponto forte e cada vez mais vincado pela distopia, mas agora com um sentimento de revolução. A heroína acaba por passar por todo um processo de provações pessoais enquanto é alvo de uma quase objectificação pelos revolucionários que a utilizam para incitar as massas contra o regime vigente do Presidente Snow (Donald Sutherland). Vendo o mundo pelos olhos da personagem principal torna mais fácil perceber as tentativas de propagação desta revolução e como Katniss é essencial para o jogo de poderes entre revolucionários e governo. Explora-se o conceito de forma inequívoca mas pode afastar a audiência mais infanto-juvenil que vê uma das suas sagas transformada num estudo sobre propaganda em regimes autocráticos.

Em termos cinematográficos não há nada de muito excepcional, os efeitos especiais continuam de topo e existe algum seguimento na politica de excluir movimentos trémulos de câmara do primeiro filme, efeito de gravação muito criticado não só nesta saga como em muitos outro filmes de Hollywood. Destaque para alguns efeitos especiais que pouparam algumas actores da fastidiosa tarefa de perder peso para ilustrar privações e fome. Alguns dos efeitos usados para modelar o corpo enfraquecido de Josh Hutcherson fazem lembrar também os usados em Chris Evans em Capitão América: O Primeiro Vingador (2011). Este novos efeitos especiais poupam ao actor um tratamento de choque a que Christian Bale já nos habituou.

Quanto ao elenco, é sempre bom recordar Philip Seymour Hoffman – devidamente homenageado no fim do filme – actor que nos deixou em Fevereiro, e que assume um papel secundário mas fulcral neste seu último filme. Julianne Moore é a grande novidade deste filme interpretando a Presidente Alma Coin, uma personagem duvidosa em muitos aspectos. Devido a centralidade em Lawrence e também a algumas restrições na história actores como Josh Hutcherson, Woody Harrelson e Elizabeth Banks acabam por não conseguir ter tempo de antena suficiente para mostrar o que valem embora a personagem de Banks seja uma das únicas que se destaca por ser o comic relief do filme.

A música do filme está a dar que falar com Jennifer Lawrence a cantar umas das faixas, que se inclui perfeitamente na mensagem e nos momentos do filme. A actriz pode até não gostar mas está a ser um sucesso nos tops de música. No resto do filme um ou dois temas saltam à vista mas na sua maioria não deixam memória significativa.

Em suma, Mockinjay pode não agradar ao público casual dos filmes anteriores mas mantém a mesma qualidade, marcada por uma temática mais séria e adulta, dispensando acção desnecessária e  apostando em conteúdo narrativo, preparando o fim de uma saga com contornos ainda ocultos parecendo longe da conclusão. Resta esperar para perceber que futuro tem  Panem e as personagens que compõe esse universo. Para isso é preciso esperar um ano e talvez por essa altura Star Wars: The Force Awakens nos conforte por esta saga de sci-fi ter acabado…

Clube de Dallas e 12 Anos Escravo8,5

Volto no próximo ano com mais cinema….