Igreja católica? Não, obrigada! – Sandra Castro

Desculpem se vou ferir susceptibilidades às mentalidades mais conservadoras, mas estou extenuada de ouvir e ler sobre a resignação do Papa Bento XVI e dos escândalos sexuais e de pedofilia no seio do igreja católica, que vieram por arrasto depois desta comunicação.

Eu não sou católica,  nem Jeová,  nem budista, nem de nenhuma religião especifica. Eu acredito que existe um Deus, um ser superior a nós que nos vai guiando ao longo das nossas vidas. Acho que todos nós temos de acreditar em algo superior a nós se não a nossa vivência tornar-se-ia insuportável.

Falo com Deus todos os dias e não preciso de frequentar a igreja nem nenhum centro evangélico para o fazer. Falo com Ele a qualquer hora, no conforto da minha casa, às vezes lavada em lágrimas, às vezes só para lhe agradecer, sem me ajoelhar, sem terço na mão e sem rezar pais nossos e avé marias. Sou crente até esse ponto e é quanto me basta.

Eu fui baptizada, fiz a primeira comunhão (já com 11 anos) e fui até convidada para ser catequista mas não aceitei. Estes acontecimentos não acrescentaram nada à minha vida.

Não acredito na história do Adão e da Eva, nem na crucificação e ressurreição de Cristo, muito menos no dilúvio e na arca de Noé.

Não gosto do Papa bento XVI, talvez o mais amistoso para mim tenha sido o João Paulo II. Do meu ponto de vista, completamente descrente da religião católica  o Vaticano é uma empresa de sucesso, o Papa é um produto de marketing muito bem concebido de um homem que nós julgamos santo. Em conjunto resultam muito bem, é talvez uma das melhores e mais bem instituídas empresas do mundo, são seguidos por milhares de fieis, baseando-se na fé a um Deus criado por eles, e gerem milhões que daria para alimentar largas dezenas de crianças esfomeadas.

Quando afirmam que o Sumo Pontífice teve muita coragem para renunciar ao cargo mais importante do mundo católico eu pergunto: Coragem? Coragem de quê? Vai continuar a viver rodeado de mordomias, agora num mosteiro durante dois meses, com gastos absolutamente dispensáveis. Vai ser um peregrino rico.

Quando os meus filhos crescerem vão ser livres de escolherem a sua religião. Como posso eu, mãe consciente, pressiona-los a pertencer a uma religião que descrimina os homossexuais!  Que não aceita o casamento entre pessoas do mesmo sexo! Uma religião que afirma que o casamento é indissolúvel! Aonde os padres, simples homens, tem de praticar o celibatarismo!

Na minha mais sincera opinião a religião católica é uma fraude. Não aceita todas estas questões que nos dias de hoje já deviam ser bem aceites pela igreja e pela sociedade, mas atrás de todo este preconceito são ocultadas por essa escória situações tão más como lavagem de dinheiro, rede de corrupção, suborno simulado de doações, situações chocantes como abusos sexuais, prostituição e pedofilia.

Tenho a certeza absoluta que se nós, simples mortais, soubéssemos o que se passa atrás dos portões da Santa Sé a nossa fé pelo Papa e pela igreja seria fortemente abalada! É por isso que se ouviu tantas palmas dos milhares de fieis que se juntaram em frente ao Vaticano para ouvir e ver o Papa pela última vez, eles não sabem a verdade por isso estiveram lá.

 

Crónica de Sandra Castro
Ashram Portuense