I’m the Lizard Queen

Olho para dentro da minha caneca de café e deixo-me perder pelo negrume do meu líquido preferido.

Vou-me perdendo e penso no Jim Morrison.

Tenho o seu livro à minha frente e penso no que sinto quando o leio.

Leio algo que contem um segundo significado.

Leio um pensador, que no seu centro faz um luto pela sociedade, mas ao mesmo tempo tenta ver o que há de belo no mundo. Refugia-se nessa ideia em algumas das suas músicas e tem vontade de fugir para onde a fealdade não existe.

Quem não tem vontade de o fazer?

Ultimamente tenho dito muito que quero ser como Zarathustra e ir viver para uma caverna na montanha e nunca mais descer.

Não quero viver numa sociedade onde as crianças são educadas por televisões, não quero viver numa sociedade que se sente tão só e desesperada por atenção que é capaz de se humilhar num programa onde, não só o faz, como perde um dos seus direitos (a meu ver) mais importantes: o direito à sua privacidade.

Para que é que passam por isto? Para ganhar dinheiro, porque não o têm e precisam mesmo dele, ou têm mas querem atenção e ser vistos.

É como que um berro a dizer:

“ESTOU AQUI! OLHEM PARA MIM! EU EXISTO!”

Vivemos numa sociedade em que os nossos jovens crescem sem autoestima e buscam constantemente a aprovação de estranhos através das redes sociais.

Os adultos pensam que são livres, mas estão tão presos numa teia de regras sociais que deixam de o ser!

Há uma série de regras: Como se vestir, com que idade comprar uma casa, com que idade casar, com que idade ter filhos, e mais umas quantas nos prendem para não sermos postos à margem.

Mas ainda há os resistentes, esses são os meus “colegas” da margem.

Isto não é de longe, um regozijo por ser diferente, até porque estar à margem não é propriamente agradável.

Não é mesmo nada agradável…

Parece (e deve ser verdade) que os juízos de valor estão especialmente guardados para nós e isso… não é bom.

No fundo tem que se saber viver à margem, aceita-la, desligar os “socialmente aceites”, porque sinceramente, neste mundo não precisamos de o ser, neste mundo temos essa escolha.

Ser “socialmente aceite” é a primeira corda que nos amarra para que não consigamos atingir os nossos momentos felizes.

Agora olhem para mim… não tenho cordas.

Como disse Jim Morrison:

“I’M THE LIZARD KING. I CAN DO EVERYTHING!”