Instumentalizar o Estado para ganhar eleições

Com a campanha eleitoral para as legislativas de 4 de Outubro prestes a iniciar, oficialmente, Passos Coelho não mede as palavras que profere. Faz tudo e diz tudo só para vencer as eleições, pois sabe que foi assim que ganhou há quatro anos. Num dia afirma que vai apoiar, enquanto cidadão, os lesados do BES, e no dia seguinte já afirma que não é bem assim. Afinal, em que ficamos?

Passos Coelho tem gerido o país através do seu smartphone. Gerindo o email e recorrendo a telefonemas para o seu gabinete, o líder da coligação PSD/CDS (“disfarçada” de Portugal à Frente, PàF) não poupa tempo nem recursos para garantir a sua reeleição: há mais de uma semana que já se encontra “na estrada”, “país fora”, por forma a fazer campanha e vencer as eleições do próximo dia 4 de Outubro. Instrumentalizam-se eventos públicos, a que Passos e Portas vão enquanto membros do governo, e aproveitam-se esses momentos não para governar o país, mas sim para favorecer a coligação PSD/CDS.

Aproveitam-se estes dias de campanha para instrumentalizar empresas públicas a favor da coligação governamental. A CP é exemplo disso mesmo. Entretanto, o comboio voltará ao distrito de Portalegre, e é uma óptima notícia. Claro que é algo eleitoralista, pois é já no próximo dia 25 de Setembro que a linha do Leste será reactivada pela CP, e Passos Coelho e Portas podem ir dar um pequeno passeio de comboio, só mesmo para inaugurar, enquanto membros do governo, essa reactivação do troço. Ressalve-se a perigosidade de existir muito pouco tempo para melhorar as infraestruturas ferroviárias, até porque algumas estações foram votadas ao abandono e o próprio troço poderá estar danificado nalguns sítios. E claro, o comboio só funcionará dois dias por semana: sexta-feira e Domingo. Assim, como a CP determinou o fim da circulação do comboio para Portalegre devido às precárias condições económicas do país, parece que essas condições melhoraram ao ponto de o comboio poder circular mas não todos os dias, como o fazia até 31 de Dezembro de 2011, para o fazer somente dois dias. Portanto, o país está pior do que estava em 1 de Janeiro de 2012, Dr. Passos Coelho, certo? Certo.