Ir ao cinema, já não é fixe…

Infelizmente, é a mais pura das verdades. Ir ao cinema, hoje em dia, já não é fixe. Já não é uma experiência tótil. Já não é uma forma de engatar miúdas. Já não é uma forma de passar uma boa hora e meia a olhar para uma tela gigante, e esquecer a realidade de treta em que vivemos. Já não é uma desculpa valente para nos empanturrarmos com abismais baldes de pipocas. Já não é… Bolas, já não é a mesma coisa, caramba. E porquê? Porque, nos tempos que correm, existem quatro diferentes tipos de pessoas/animais/bestas que não se sabem comportar numa sala de cinema, e que acabam por arruinar aquilo que, possivelmente, iria ser uma bela sessão de cinema. E não, em nenhum destes quatro diferentes tipos de pessoas/animais/bestas, estão incluídos os energúmenos que comem pipocas como se aquela fosse a sua primeira refeição desde há dez anos. Ou mesmo aqueles que bebem a coca-cola pela palhinha até a um ponto em que já só existe gelo no fundo do copo, mas continuam a chupar de forma veemente, como se, ao fazê-lo, acabassem por descobrir mais coca-cola como quem consegue descobrir petróleo no fundo de um oceano. Refiro-me a outro tipo de pessoas/animais/bestas que, infelizmente, frequentam as salas de cinema do país.

E esses quatro tipo de pessoas/animais/bestas são:

1) Pessoas que se descalçam na sala de cinema;

2) Pessoas que trazem leques e abanam violentamente o raça do leque, mesmo ao nosso lado;

3) Pessoas que apenas se preocupam com os lugares, quando entram na sala de cinema;

4) Pessoas que, para elas, estar numa sala de cinema, é o mesmo que estar na cave lá de casa, onde costumam praticar o sadomasoquismo.

As pessoas que se descalçam numa sala de cinema, não parecem entender que, por mais incrível e absurdo que isso possa parecer, existem mais pessoas na mesma sala, e que não as conhecem de lado nenhum, para terem de levar com o cheiro nauseabundo que emana dos seus pés. É desagradável só de ver o cenário, quanto mais ter de inalar aquela espécie de cheiro a podridão. É como se a peúga que estão a usar, acabasse de apodrecer devido ao excesso de suor que os seus pés fabricam — e que é radioactivo. É nojento e nada, vezes nada, agradável. Essas pessoas, meus amigos, deviam falecer sufocadas com a sua própria meia radioactiva na boca.

Ora eu entendo que as mulheres, quando atingem uma certa idade, sofram muito com a menopausa. É algo desagradável e que as deixa, irremediavelmente, aflitas e sempre em busca de soluções para atenuar esse mesmo sofrimento. Mas que isso inclua abanarem, se forma bastante violenta, um leque dentro de uma sala de cinema, já é algo que me custa a entender. Porque, se existe a possibilidade — e ela existe sempre! — de se sentarem ao lado de alguém, esse alguém passará o tempo todo a levar com um vento extra nas fuças, assim como com o barulho ensurdecedor que o leque faz ao ser abanado (uma espécie de «Vuumm, Vuumm, Vuumm»), limitando assim a capacidade auditiva para ouvir os sons que provêem do filme que se está a ver. É chato. É incomodativo. Essas pessoas, meus amigos, não deviam falecer, mas sim vazar uma vista com o leque.

Não consigo entender as pessoas que, ao adquirirem os bilhetes de cinema, não se informam de forma clara, onde ficam os lugares que acabaram de escolher. Fazem-no, apenas, quando entram na sala de cinema que, normalmente, está super escura. E isso origina a que se desenvolvam vários desentendimentos, com essas pessoas a afirmarem, de forma veemente, que outras pessoas estão sentadas nos seus lugares. Quando, na verdade, não estão. E com tantas voltas e mais voltas a tentarem encontrar o raça dos lugares, acabam por perturbar toda uma sala de cinema que, quando as pessoas dão por si, já o filme começou há cerca de dez minutos. Por isso, meus amigos, essas pessoas deviam falecer depois de serem obrigadas a ingerir os bilhetes, e engasgarem-se com os mesmos…

E, por último, pessoas que pensam que ir ao cinema, é o mesmo do que descer as escadas de casa que dão acesso à cave — onde está situada a sua sala de sadomaquismo — e que estão absolutamente sozinhas. E então desatam numa espécie de jogo sexual agressivo — que envolve beijos, chapadas, abraços, saltos para o colo um do outro, murros, e até alguns beliscões — em plena sala de cinema pensando que, o facto de estar escuro, é o suficiente para passarem completamente inobservados. Mas esquecem-se que a iluminação que emana da tela da sala de cinema, é o suficiente para toda a gente ver o que estão a fazer. E quando finalmente se apercebem, acabam por fingir que não, e lá continuam no seu joguinho sexual agressivo. Essas pessoas, meus amigos, deviam falecer com uma chibata enfiada num sítio onde o sol não brilha…

Isto é que é uma vida de cão, hem…