Já não é Natal, como era… – Teresa Isabel Silva (Extra – Natal)

Este ano, já não se vai comer o peru com fartura. Aliás o peru este ano pode respirar de alívio pois vai apenas ser servido na mesa dos ricos. E como os ricos já são poucos, ambas as espécies podem festejar (seja porque motivo for…).
Para a mesa dos pobres sobra o frango ou o coelho, mas como este ultimo até de graça é caro, resta mesmo só o frango.
Outro lado positivo da crise é que este ano a poluição visual diminuiu. Isto tudo porque são poucas as famílias que este ano, colocaram aquela panóplia de luzes garridas e coloridas nos jardins…

Todos nós sabemos que este exagero e muitas vezes a falta de gosto crónica pode deixar muitas pessoas com dificuldades de visão…

Entretanto apesar de se reduzir nas luzes não se reduziu na quantidade de “pais natais” que trepam pelas janelas. Mais uma vez eu digo que essa tradição é perigosa! Imaginem que os ladrões se lembram de fazer um assalto enquadrado no espírito da época…

Por outro lado começamos a assistir a um novo movimento, chamo-lhe movimento porque ainda não vi exemplos suficientes para considerar tradição. Estou a falar de meninos Jesus dependurados na janela.

Pois bem, eu compreendo que o Natal seja a festa comemorativa do nascimento do menino. E que muita boa gente defenda que a festa é sobre ele e não sobre o Pai Natal que foi inventado pela coca-cola, mas vejamos bem, o menino nasceu numa manjedoura e tanto quanto me ensinaram na catequese a nossa senhora não veio para a varanda exibi-lo. (quanto mais dependura-lo como uma toalha de mesa…)

Ainda sobre o menino resta-me dizer ás pessoas que se querem fazer uma boa representação da quadra, entrem profundamente no espírito e coloquem uma manjedoura no jardim. Os mais excêntricos podem deixar lá mesmo uma criança de verdade, mas isso já é mais arriscado!

Seja como for algumas das tradições são para ser seguidas á risca. E os lusitanos, como bons e característicos portugueses que são, não dispensam o bacalhau. Nos supermercados, os adultos tem mais ganas pelo bacalhau do que as crianças pelas prendas, e comportam-se como se de um dia para o outro a Noruega fosse deixar de vender o bom amigo.
Lembrem-se que o Natal é algo que aparece (como que por milagre) todos os anos pela mesma altura, por isso, o que não conseguirem este ano, tentem para o próximo, ou então para 2014, pode ser que nessa altura o peru já seja acessível, até porque pelo andar do trenó, o coelho corre os risco de se tornar uma espécie em vias de extinção.

Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas