Juntar os monos – Teresa Isabel Silva

Juntam-se os monos todos no enxoval e lá vamos nós para o casamento. E todos nós sabemos, como é que os portugueses gostam de casamentos.

O casamento é um evento que ocorre em todas a famílias, e dependendo do agregado familiar e da taxa de divorcio, pode acontecer com mais ou menos frequência, e implica a existência de muita comida, animadores que cantam sempre as mesma músicas, e familiares emigrantes que aproveitam o momento para exibir o Renault Clio, como se este fosse o topo de gama da BMW.

Seja como for os casamentos não passam disso. É a arte de convidar uma série de pessoa para que elas vejam os noivos a juntar entre si, os monos e os trapinhos.

O último casamento a que eu fui não foi excepção. Aliás foi um casamento que mesmo após a cerimónia se tornava previsível:

Os noivos com pouco mais de 20 anos, deram o nó numa cerimónia quase feita em cima do joelho, tudo porque segundo a família do noivo, a noiva era rica e de boa famílias, ja a família da noiva queria despachar o casamento porque, com a ida para a faculdade longe de casa, os pombinhos já viviam juntos.

A verdade seja dita, esse foi o único casamento em que eu não vi trapos e monos a juntarem-se. E agora que eles se divorciaram e duvido que exista alguma coisa a dividir pelas partes.

Irrita-me que as pessoas se casem só pela cerimónia, só porque uma das partes é rica ou até mesmo porque lhes convêm. Este casamento de que vos falei, obviamente correu mal, tal como toda a gente previu. Quer dizer, casam-se os jovens e depois vivem uma semana na casa dos pais dele, e outra semana na casa dos pais dela, como se eles fossem filhos de pais divorciados. Logo aqui eles são tratados como adolescentes problemáticos!

Ah! E depois, tanta coisa porque eles na faculdade estavam a fazer vida juntos, para depois cada um deles abandonar o curso? Hum… Pergunto-me o que é que estava errado? Não estudam, não trabalham, não cuidam de uma casa, nem sequer as roupas lavavam… O que é que correu mal?!

Depois deste exemplo óbvio de felicidade matrimonial ter acabado mal, eu sinto-me na obrigação moral de explorar a questão para entender o que é que além do óbvio correu mal!

Meus caros leitores, o casamento pode não ter dado certo! É um facto! O divórcio foi um sucesso de que ninguém na família quer falar! Mas uma coisa é verdade, e até tem um balanço positivo: Eles nunca juntaram os monos!

Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas