Lá na minha terra… – 2012, o último

Lá na minha terra o fim do mundo parece chegar todos os dias. Terriola pequena mas confusa, esta. Consta-se por cá e pelos outros três cantos do mundo que o ano em que vamos entrar é o último, o último 2012 com certeza. A teoria do fim do mundo ainda é um mito, um futuro distante se bem que próximo. Muitos não acreditam nas profecias dos Maias, outros tentam ser minimamente originais com tal, inventando datas para o catrabum final. 21 de Dezembro de 2012, segundo os mais sabidos, ou pelo menos, os originais de origem.

Assim sendo, este foi o nosso último Natal, a última consoada, a última vez que o Pai Natal entrou em nossas casas. Se a maioria tivesse pensado assim as dietas não tinham entrado nas casas. O reveillon está para chegar e vai ser o último, mas já que dizem que 2012 dita o fim do chão que pisamos, podemos fazer um reveillon antecipado de 20 para 21 de Dezembro, o fogo de artifício será mais estrondoso, é certo. Continuando com esta teoria Maiista, a Páscoa será a última também, então parece-me que os ovos da Páscoa e as amêndoas vão vencer as doces tentações. Os jogos da Selecção Nacional serão os últimos, apenas veremos mais uma equipa portuguesa a ser campeã nacional e se nada mudar entretanto não conheceremos mais nenhum Presidente da República ou Primeiro-ministro nacional. Não veremos mais nenhum Secret Story e assim não conheceremos mais cromos para a caderneta. Será o nosso último verão, os nossos últimos mergulhos no mar. Será o último ano em que tentaremos a sorte numa raspadinha, será o último ano em que ansiaremos um jackpot. Será o último tudo e mais alguma coisa. Será o último 2012, por certo.

O fim do mundo é uma incerteza incerta, é uma certeza crente, é um teste para a sanidade do homem. A palavra “último” é muitas vezes associado a excessos, a loucuras. Último Natal: vamos comer todas as rabanadas! Última Passagem de Ano: vamos apanhar uma borracheira! Último Verão: vamos comprar uma viagem caríssima para as Maldivas! Último ano: vamos gastar todo o dinheiro e viver como lordes! O “vamos fazer o que nos der na real gana” vai ser o que vai parar na cabeça de cada um; espero que não, não mesmo. Aos que acreditam nesta teoria este ano pode tornar-se perigoso para eles e para os que os rodeiam, pode ser significado de “fazer o que ainda não foi feito”, seja bom ou mau. A sanidade do homem vai entrar em colapso com as suas crenças, os media vão atulhar juízos com lembranças de um fim do mundo sem certezas de como, quando, onde e porquê. As especulações vão tornar o homem débil mentalmente, a teoria da agulha hipodérmica vai injectar-nos a todos com medos, tremores e ânsias desnecessárias, vai criar um caos interior onde o “o que virá a seguir” vai mexer com a cabecinha de cada um. Mesmo que o fim do mundo não passe de mais um mito urbano, vai ser tido em conta como certo, como verídico, como plausível. Colegas jornalistas, tento na língua nos próximos meses, sff. Este caos assusta-me, mas não me assusta quando penso em Portugal, nós somos demasiado “paz de alma” e vamos esperar que outros tomem as devidas iniciativas, e estes outros serão quem? Os americanos, claro! Aqueles que realmente me assustam, aqueles que imaginam o imaginável, aqueles que fazem um fim do mundo num copo de água. A eles junto a velha guarda chinesa, russa e afins. Não consigo, e nem quero, imaginar como serão as reacções gerais em relação a esta questão. Uma questão complexa que apenas nos trará respostas assim que aconteça, mas e até acontecer? Como vai ser? Mais uma vez, o teste à sanidade do homem vai por em causa todas as crenças e promessas antes feitas, vai mudar atitudes, vai trazer conflitos “entalados” desde tempos. A guerra para encontrar o último elo mais fraco não tardará. 2012 vai ser o ano, o último, o último 2012.

Mas cá comigo e com os da minha terra, isto do fim do mundo não passa de uma tentativa de alguma coisa falhada. Alguma coisa para tolher o juízo. Este ano houve já quem tentasse a sua sorte com profecias de sismos, acertou mais ou menos na data, mas em nada no local; foi mais um tiro no escuro, mais uma tentativa de algo falhada. Não deixo de não acreditar, ou pelo menos de pensar que pode ser possível, mas prefiro pensar em fantasia, e espero que este pensamento seja igual em todos. Não será o fim do mundo, será o começo de uma nova era, melhor esperemos nós. As profecias em tempos foram certeiras, mas onde há certeza há erro. O certo é que será o último 2012.

Crónica de Daniela Teixeira
Lá na minha terra…