Lisboa – Um Museu ao Ar Livre

Olá a todos!

Sejam bem-vindos a mais uma crónica mensal onde venho apresentar e dar algumas sugestões do que pode fazer, ver ou visitar na mui nobre e sempre leal cidade de Lisboa, quer seja durante os seus tempos livres ou nos seus dias de folga. O início deste mês fica marcado por mais uma edição democrática das eleições legislativas portuguesas e, por conseguinte, pela tomada de posse de um novo Governo. Por isso, espero que tenha votado conscientemente e que o novo Governo continue a dar, ou seja capaz de melhorar ainda mais, a capacidade turística de Lisboa e de Portugal, no geral. Já que somos um destino privilegiado para muitas nacionalidades, seria descabido não continuar nesta onda.

E aproveitando o facto de estarmos aqui a argumentar que Portugal é um destino muito sedutor e atractivo em termos turísticos, sabia que, numa votação para a revista espanhola “Hola” nuestros hermanos elegeram Lisboa como melhor destino onde os leitores prefeririam passar a lua-de-mel? Não sabia? Mas é verdade, e se não acredita veja os resultados. Com quase 800 votos apurados, Lisboa encabeça o pódio onde figuram também as famosíssimas, e que dispensam apresentações, cidades de Paris, que ficou em segundo, e as cidades italianas de Florença e Roma que ficaram em terceiro e quarto lugares, respectivamente (In Revista Sábado). Qual é o espanto? Afinal de contas a Cidade da Luz e do Amor é considerada das mais românticas do Mundo, senão mesmo a mais romântica… Esperem, o espanto está no facto de terem ficado em 2º lugar….. com 373 pontos….. Toma Paris! Embrulha que Lisboa está para ficar, o Espanhóis gostam mais de nós do que de vocês! Vive à Lisbonne! Bom, isto para dizer o quê? Se os nossos vizinhos preferem uma cidade que fica a mais de 600km de Madrid, mas porque carga de água nós portugueses não olhamos para a nossa amada Capital do mesmo modo ou com ainda mais orgulho? Nós moramos cá, eles não! Portanto, toca a sair do sofá e ir passear a Lisboa que hoje trago mais sugestões muito interessantes.

Começo hoje as minhas sugestões com algo sumptuoso e imponente em Lisboa. Consegue ter uma ideia? Pois de facto o que não falta em Lisboa são edíficios sumptuosos, imponentes e ricos arquitetócnicamente falando. Vou dar uma ajuda: vamos até ao Bairro da Ajuda! Já sabe do que estou a falar? É isso que está a pensar. O Palácio Nacional da Ajuda foi construído com o objectivo de ser a morada oficial da família real Portuguesa depois do Terramoto de 1755. Inicialmente fora construído apenas em madeira, de forma a poder resistir a possíveis replicas sísmicas e, por isso, ficou conhecido como o “Paço de Madeira” ou “Real Barraca”.

A grande impulsionadora das obras neste Palácio, nomeadamente interiores, (a verdade é que a construção deste edifício foi interrompida várias vezes por um grande conjunto de razões de ordem política e económica durante toda a primeira metade do século XIX) foi a Princesa D. Maria Pia de Sabóia, mulher do Rei D. Luís I. Bom, a razão pela qual venho sugerir a visita ao Palácio prende-se pelo facto de estar a haver uma exposição fotográfica desde o dia 1 de Outubro. Com o nome “Tirée par…. a Rainha D. Amélia e a Fotografia”, não é uma exposição fotográfica qualquer, o interessante é que muitas das fotografias expostas foram tiradas pela própria familia real Portuguesa durante os últimos 20 anos de Monarquia em Portugal. Dona Amélia de Orleães e o Rei D. Carlos eram grandes amantes da arte fotográfica e coleccionaram vários albúns com imensas imagens da época. Portanto, iremos viajar no tempo e compreender os hábitos e modos de vida de um tempo para nós desconhecido mas da perspectiva da Casa de Bragança.

Esta exposição está aberta ao público até o dia 20 de Janeiro do próximo ano e podê-la-á visitar durante todos dos dias da semana excepto à quarta-feira, no horário compreendido entre as 10h e as 18h, sendo a última entrada às 17h30. Tem um custo de 5€ o bilhete, que inclui a visita, também, ao próprio palácio, sendo que no primeiro Domingo de cada mês é gratuito. Por isso, tem aqui um dois em um. Aproveite esta oportunidade e vá com a família conhecer um dos mais belos exemplares arquitectónico românticos portugueses do século XIX em Lisboa, com muitos utensílios e objectos utilizados pelas gentes que outrora habitaram aqueles corredores reais e conhecer Portugal pelas fotograficas daquele mesmo século.

Prosseguindo com as minhas sugestões, continuemos com arte. Adora pintura? Não me diga! Então veio ao sítio certo e esta sugestão é exactamente para si. Durante o Verão foi acordado uma parceria conjunta entre a Camâra Municipal de Lisboa e a HP Portugal, onde o Museu Nacional de Arte Antiga expôe 31 obras-primas do seu expólio artístico, reproduzidas em altíssima qualidade, quase se confundido com as verdadeiras (expostas no dito Museu). Achava mesmo que os verdadeiros quadros iam para as Ruas de Lisboa? Era bom, mas quem pagaria os prejuizos por roubos? Ou se alguém fosse vandalizar estes valiosíssimos quadros? Pois, mais vale jogar pelo seguro e mostrar umas réplicas am alta definição e qualidade. Estas obras estão expostas nas ruas do Chiado, Bairro Alto e Príncipe Real e a visita é, claro está, gratuita.

Lisboa

Se a exposição é na rua, é gratuita…. não achava que ia pagar para ver quadros nas ruas da cidade? Seria engraçado perceber que há um quadro ao fundo da rua e tapar os olhos só pra nao pagar. Bom, fora de brincadeiras, esteja à vontade, passeie por estas zonas históricas e admire alguns dos quadros mais importantes dos séculos XVI e XVII. Ah, isto é importante também: estes quadros estão expostos desde o dia 29 de Setembro e estão à vista de todos até o dia 1 de Janeiro de 2016. Caso queira ver a restante coleccção do Museu e os verdadeiros quadros, então o melhor será mesmo uma ida ao Museu Nacional de Arte Antiga. Não se irá arrepender e vale muito a pena! Até tem um miradouro com uma bela vista para o Rio Tejo ao lado. Para melhor perceber as ruas abrangidas por esta exposição faça o favor de consultar o seguinte link e ler o PDF que lá se encontra: http://www.museudearteantiga.pt/exposicoes/comingout.

“Que o arrumador não passe na frente dos outros nem vá levar ao lugar, enquanto um actor estiver em cena” (Plauto, O Cartaginês). Esta é uma das muitas frases, que de uma forma filosófica e dramaturga, o site do reinaugurado Museu do Teatro Romano, em Lisboa, recebe o visitante mais curioso. Como o leitor já deve ter percebido, a sugestão vai para a visita ao renovado Museu que pretende mostrar aos seus visitantes as ruínas do que outrora foi o Teatro Romano da Lisboa Romana, Felicitas Iulia Olisipo, descobertas pela primeira vez depois do Terramoto de Lisboa e foi o primeiro teatro romano a ser descoberto em Portugal. No período clássico greco-romano, o teatro era, para além dos objectivos religiosos, uma forma de cidadania, por assim dizer. Era uma parte intrinseca da sociedade romana, pois era neste local onde as manifestações públicas positivas ou negativas, em relação a um  candidato que decidia se candidatar a um determinado cargo político, tinham lugar. Imagine o que era, hoje em dia, os candidatos à presidências da República se reunirem no Teatro D. Maria II, o povo lisboeta todo presente, e eles fazerem umas macacadas e uns discursos bonitos sobre o que pretendiam para o país. E nós, o povo, a aplaudir de pé ou simplesmente atirar com fruta e legumes contra um dos candidatos que não gostássemos tanto.

Bom, era mais ou menos isto que acontecia naquele tempo, não de uma forma literal como ironizei mas mais de uma forma artística e da qualidade do actor. Em suma, o teatro tinha um papel social activo muito importante nas sociedades clássicas. O mais engraçado e interessante neste espaço museológico é que nem tudo se encontra debaixo do mesmo tecto. Ou seja, existem várias áreas expositivas a saber: zona das ruínas do teatro, zona de escavação arqueológica em curso e o museu propriamente dito com exposições permanentes. É possível caminhar por entre os vestígios através de passadiços metálicos construídos para o efeito, observar outros exemplos expostos nas vitrinas e até manusear algumas peças que imitam aquelas do mesmo período do teatro. Então mas André, onde é que é Museu e como é podemos lá chegar? Calma, os meus amigos chegaram àquilo que ia dizer a seguir. Ora, o Museu encontra-se situado em dois locais, próximos um do outro: a Rua de São Mamede, nº 3 e o Pátio do Aljube, nº 5, e podem ser visitados entre as Terças-Feiras e Domingos no horário das 10h às 18h. Encerra às segundas-feiras e em dias de feriado.

Para lá chegar também não é difícil, bastando ir até à Sé de Lisboa e procurar umas escadas do lado esquerdo da mesma (para quem a vê de frente), ou ao seu lado direito se vier das Portas do Sol, que dará acesso ao Pátio do Aljube. Se continua com dificuldades, basta procurar no seu GPS ou no Goggle Maps que rapidamente lhe dá um caminho. Mas para não dizer que não penso em si, deixarei aqui o link do website do museu a explicar a localização do mesmo: http://www.museuteatroromano.pt/visitas/localizacao/Paginas/default.aspx.

Por fim, a minha última sugestão para este mês de Outubro vai de encontro a algo que realmente é o intuito das minhas crónicas: dar possibilidade de quem é de Lisboa conhecer a sua cidade de uma forma inovadora, divertida e interessante. E claro que não estou a excluir aqueles que não são alfacinhas de gema, mas os meus amigos perceberam o que quis dizer. Bom, nos últimos três anos foram realizados durante um determinado fim-de-semana, o chamado “Open House Lisboa” que basicamente se trata de um conjunto de roteiros de excelência à disposição dos cidadãos de Lisboa permitindo-lhes visitar locais que normalmente não estão acessíveis ou são meramente desconhecidos do público em geral.

O ano de 2015 não é excepção e a 4ª edição do Open House Lisboa está mesmo à porta indo ocorrer já nos próximos dias 10 e 11 de Outubro. O tema deste ano é a visão de Lisboa através de pontos estratégicos que se elevam acima da cidade. E esses pontos localizam-se em áreas-chave que caracterizam o planeamento urbanístico de Lisboa. São cerca de 70 espaços localizados em 7 zonas da cidade onde o público é convidado a descobrir, gratuitamente, um novo roteiro de Lisboa que contemple os seus vários séculos de arquitectura urbana (Românico, Manuelino, Barroco, Romântico, Modernista, etc). Como já disse, as visitas são gratuitas e são realizadas por ordem de chegada, não necessitando de qualquer tipo de reserva. Cada espaço tem o seu horário próprio de visita e convém ser consultado préviamente, tendo em conta a preferência do visitante. Existem três tipos de visita: Visita Livre — visita ao espaço de forma livre, dentro do horário estipulado; Visita Acompanhada — visita ao espaço orientada pela equipa de voluntários Open House Lisboa e Visita Comentada — visita ao espaço comentada pelo autor do projecto de arquitectura ou por um expert convidado. É aconselhável o visitante usar calçado e roupa confortável, manter-se bem hidratado e utilizar os transportes públicos aquando das deslocações de roteiro para roteiro. Depois de uma vista rápida pelos locais sugeridos o que mais me surpreendeu é a possibilidade de subir a um dos pilares da Ponte 25 de Abril.

Lisboa

Uma experiência única, de cortar a respiração e que desafia qualquer pessoa. Se sofrer de vertigens, acho que o melhor é passar para o roteiro seguinte, contudo para os mais aventureiros penso que seria uma expriência muito agradável observar Lisboa de um dos ícones e ex-libris de Lisboa, não esquecendo que está quase a completar 50 anos de existência. A Ponte Sobre o Tejo ainda está para as curvas meus amigos. Resta-me, então, deixar aqui o link onde poderá consultar todos os locais disponíveis para visita: http://2015.openhouselisboa.com/zones/.

Termino assim as minhas sugestões para passar mais um dia diferente em Lisboa e espero que desfrute muito bem delas. Aventure-se, desafie-se e conheça a nossa cidade. Voltarei no próximo mês de Novembro (ai que o Natal está quase aí) para mais ideias para passar os seus tempos livres ainda durante este Outono que se adivinha ventoso e chuvoso. Desejo a todos vós, meus caros leitores e amigos, um óptimo mês cheio de belos passeios. Lisboa agradece!

Boas leituras e um abraço a todos