A lista (quase) definitiva do nome que pode, ou não, dar ao seu filho

Cada tem os seus gostos, as suas preferências e os seus vícios. Enquanto uns escolhem o jogo, o álcool ou outro tipo de substâncias eu escolho nomes bizarros. Sim, leu bem: nomes bizarros. E tal como gosto de nomes de terras também gosto de nomes de pessoas. A esmagadora maioria das pessoas têm nomes ditos “normais”, é um facto. Mas de vez em quando acabamos por encontrar nomes, que pelas mais variadas razões, nos fazem sorrir ou mesmo soltar uma gargalhada. E digamos que a lista de nomes que podemos, ou não, dar aos nossos filhos sempre foi algo que fez parte do meu imaginário. E esta semana descobri que essa dita lista está publicada online o que, como é óbvio, me levou a analisá-la de fio a pavio. Para os interessados em consultar a lista basta seguir este link: http://www.irn.mj.pt/sections/irn/a_registral/registos-centrais/docs-da-nacionalidade/vocabulos-admitidos-e/downloadFile/file/Lista_de_nomes31-12-2013.pdf?nocache=1388759314.49

Mas a dita lista possui 82 páginas. Ou seja, seria completamente impossível analisá-la na sua totalidade. Como tal optei por escolher apenas três letras e trazer até vós os nomes que podem, e os nomes que não podem, dar aos vossos filhos. As letras escolhidas foram o “A”, o “B” e o “C”. E foram estas apenas pelo simples facto de serem as primeiras do abecedário, nada mais do que isso. Antes mesmo de irmos aos nomes propriamente ditos é importante ressalvar que nunca, nem por um segundo, está implícito qualquer desrespeito pelos leitores que tenham algum dos nomes aqui referidos. Trata-se apenas de um texto humorístico, devendo por isso de ser levado com descontracção e boa disposição.

Na categoria “Nomes que mais parecem insultos” temos vários candidatos: Abdénago, Abelâmio, Adrualdo, Alcibiades, Adonai, Ardingue, Arguemiro, Berengária, Briolanjo, Carsta, Chema, Cipora e por último mas não menos bizarro, Cursino.

Por sua vez na categoria “Ainda bem que alguém teve a sensatez de não permitir que uma criança tivesse este nome” temos vários nomes que, segundo a lei, não podem ser dados aos nossos filhos, nomeadamente: Adarico, Adliano, Adírio, Aljocolo, Amalídio, Anouchka, Arjuna, Austrelino, Belezinda, Bertelina, Binucha, Brandelina, Brizelinda, Castália, Catuchia, Cedrico ou mesmo Cheldecarlo.

E só em dois parágrafos já lhe dei um bom par de ideias catitas para quando for pai/mãe resolver rapidamente a questão do nome do(a) petiz. Isto sim, devia de ser considerado serviço público! Mas calma porque ainda temos mais categorias!

Por exemplo, na categoria “Nomes que podiam muito bem ser nomes de um qualquer produto ou marca” temos mais candidatos do que seria de esperar, senão veja: Aidé (ajusta-se na perfeição a um champô com aromas exóticos) e Castorina (pela proximidade com “castor” daria excelentes trocadilhos se fosse nome de uma pasta de dentes) entre os permitidos por lei e Agostília (serei o único a ver aqui uma possível ligação ao chá de tília?), Amilinca (nome ideal para uma cadeia de lavandarias), Brelca (uma excelente aposta para uma marca de roupa), Brisa (acho que esta vocês chegam lá sozinhos…) ou ainda Chandlier (porque não um queijo ou uma manteiga gourmet?) do lado dos não permitidos por lei.

Mas esta lista possui algumas incongruências. Como é possível que a lei permita que se dê a uma criança o nome de um continente, mas rejeite outro? Sim porque legalmente pode dar ao seu descendente o nome de “Ásia” mas não pode dar o nome de “África”. Porquê? Pois, eu também gostaria de saber.

Outra das decisões que é difícil percebermos são os nomes, claramente, estrangeiros. “Abraham”, “Atom”, “Adam” ou mesmo “Andy” são proibidos. Contudo, “Astrid” é permitido. Coerência? Não existe tal coisa nesta lista.

“Ah, mas esses nomes são estrangeiros, logo faz todo o sentido que não sejam permitidos.” Esta é, muito provavelmente, a opinião de grande parte dos leitores. Tenho a dizer-vos que até certo ponto, concordo com esse ponto de vista. Mas sendo assim como justificam que não seja possível dar ao nosso filho o nome de “Açores”? Se é estranho? Sim, é. Mas por essa ordem de ideias metade destes nomes não eram permitidos.

E depois temos a minha categoria preferida “Nomes perfeitos para um Super-Herói inventado”. Altomirândio (Alto + “Mirandio”), ou seja, alguém tão alto de perder de vista que pudesse observar tudo e todos (Mirand(i)o…perceberam o trocadilho?) defendendo sempre os indefesos e os injustiçados (refira-se que não é um nome permitido). Ou então Adoração, uma heroína de palmo e meio (entenda-se, uma criança) cujo superpoder seria dar amor e carinho a todos aqueles que dele necessitassem (este é mais um dos nomes não permitidos). Para finalizar deixo-vos com o conceito de Aicha (ou Aisha, ambas são válidas), um super-herói tão simples quanto incomodativo: limitar-se-ia a aparecer nos momentos de tensão, e quase conflito, do dia-a-dia e a dizer “eish”, ou neste caso, “aishaaa, se fosse eu não admitia!” (esta é mais uma das opções que não pode tomar quando tiver de escolher o nome para o seu filho).

Mas aquilo que me apaixona são as incongruências. Sim, porque chamar “Amor” ou “Celta” a uma pessoa é possível, mas “Amar” ou “Celto” já não. Porque “Bina” é uma escolha como qualquer outra, mas “Bino” não, porque é proibido. Porque “Castor”, “Colete” ou “Concha” são opções válidas mas “Bonita” não. Começo a achar que o objectivo de dar um nome a uma criança é ofendê-la, não é por nada.

Reparem na quantidade enorme de nomes que se encontram nesta crónica e agora pensem no seguinte: são apenas três letras do abecedário! Dito isto imaginem o potencial cómico das restantes!

Mas a mensagem verdadeiramente importante é que vocês são muito mais do que um nome. Sim, o nome é importante. E sim, pode ter uma grande influência na vossa vida. Mas o nome, por si só, não decide nada (a não ser que tenham um apelido de uma grande família, aí talvez tenha a sua quota-parte de influência…). Por isso, tenham o nome que tiverem o importante é serem felizes convosco próprios e com as acções que praticam. Vivam apaixonadamente e pratiquem o bem, pois isso será meio caminho andado para atingir a felicidade.

Boa semana.
Boas leituras.

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
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