Lobby financeiro nas grandes empresas – João Cerveira

Como é que alguém ainda fica surpreendido com noticias e comentários que dizem que isto está tudo nas mãos dos bancos? A sério? Onde andaram nas últimas décadas?

Basta um pequeno exercício de memória. Sempre que se fala nas grandes empresas e nas suas assembleias gerais e/ou accionistas, fala-se nos bancos. Coincidência? Não. São quase sempre os maiores accionistas. Quando não o são, são credores, o que equivale dizer que, de uma forma, controlam o destino das mesmas.

A titulo de exemplo, a PT é detida em cerca de 10% das suas acções pelo BES e em cerca de 6% pela CGD; na ZON, o BES detém, directamente, 3,45%, mais 5% através da Espírito Santo Irmãos, SGPS, SA, mais 1,97% através da ESAF – Espírito Santo Fundos de Investimento Mobiliário, s.a. e mais 1,85% através da BES Vida – Companhia de Seguros, S.A.,  enquanto que o BPI detém 7,58%; cerca de 2.3% da EDP é detida pelo BES,  enquanto o BCP tem cerca de 3,3%.
São apenas alguns exemplos de uma grande malha de tecido empresarial detido pelo sector financeiro.

Não admira que estas empresas queiram somar cada vez mais lucros e reduzir a responsabilidade social para quase zero. É o lobby financeiro a funcionar nos conselhos de administração das empresas. Mas já é assim há anos. Só agora repararam?

 

 

Crónica de João Cerveira

Diz que…