Londres, uma cidade INESQUECÍVEL!

Na passada semana, dei um pulinho até Londres: como quem diz, estive por terras de Sua Majestade durante uma semana. Londres é grande demais para ser conhecida de uma ponta a outra em apenas uma semana. Mas eu enchi-me de coragem e decidi partir à descoberta numa missão – quase impossível (De tal forma que, por vezes, dei por mim a ouvir dos confins do meu cérebro, a já tradicional música do filme de acção “Mission Impossible”. – de tentar conhecer o máximo que pudesse daquela cidade inesquecível.

Os ingleses são conhecidos mundialmente pela sua boa educação. E, de facto, não é apenas fama: eles são mesmo assim. O inglês pede desculpa por tudo, e reponde sempre de forma educada (excepto os lojitas do mercado de Camden Town, que, por serem demasiado desconfiados, olham-nos de uma forma assustadora como quem está mortinho para nos esquartejar e enfiar no tacho para fazer um belo arroz de caril!). Mas tanta educação, por vezes, enjoa – de tal forma, como se tivéssemos de comer farinha de Maizena às refeições durante um mês seguido. Dei por mim, variadíssimas vezes, a comentar para com meus botões: «Raios, que isto já enjoa. Pedem desculpa por tudo! Desculpa porque tive de me desviar deles na rua; desculpa porque se encostaram a mim no metro; desculpa porque abriram a boca para pedir desculpa. Irra, que esta malta é mesmo chóninhas!» Mas depois, a certa altura, dei por mim a fazer o mesmo. Perdi a conta à quantidade de vezes que entoei alto e em bom som a palavra «sorry». E foi aí que percebi que, sim senhor, os ingleses são malta chóninhas, e eu já estava a ficar um também! Por isso, decidi armar-me em tuga, fui de encontrão a um lojista indiano e não pedi desculpa. E passados 5 segundos, estava a correr pelas ruas de Londres a fugir de um indiano munido de uma faca, enquanto eu gritava alto e em bom: «Sorry! Sorry! Sorry! Sorry, pá! Sorry, porra!»

Londres é enorme, e repleta de monumentos lindíssimos para visitar. Mas para o fazermos, temos de andar quilómetros. Ok, é certo e sabido, que o Underground (Metro, para os mais desatentos…), tem a capacidade de nos transportar pela cidade inteira, mas ninguém me tinha preparado para as constantes trocas de linhas, e quantidades insanas de sobe e desce de degraus. E de repente tudo fez sentido para mim. Os ingleses têm uma gastronomia rica em gordura, mas, em compensação, eles andam de catano, pela cidade. E isso afasta qualquer gordura que se queira acumular nos seus corpos. Numa das estações do Underground – e após trocar 2 vezes de linha – para se chegar à rua, só existiam 2 opções: optar pelo elevador, ou subir nada mais do que 197 degraus. Armado em chico-esperto, decidi optar pelos degraus. E, meu Deus, eu ia morrendo. Aquela subida até ao topo, fez-me sentir um dos mineiros chilenos que ficaram soterrados numa mina, há uns anos atrás. Haviam pessoas a desistir a meio do caminho. Outras, numa tentativa de recuperar o fôlego, encostavam-se às paredes com cara de quem estava quase a deixar este mundo (Tive a sensação que vi a alma de uma das pessoas a abandonar o corpo…). Dei por mim a chegar ao fim dos degraus com as mãos a tapar a boca. Não por sentir que estava quase a vomitar, mas sim por sentir que tinha um pulmão a querer sair à bruta pela boca – e caramba: um pulmão é uma coisa que, parecendo que não, até faz imensa falta.

Londres tem uma boa mão-cheia de parques lindos, repletos de verde por todo o lado. Mas têm um senão: são demasiados grandes, porra! Dei por mim a imaginar-me a viver em Londres, e no fim do dia de trabalho ir até a um dos parques londrinos, praticar jogging. Mas rapidamente afastei essa ideia da mente, a menos que, a médio-prazo, eu tivesse nos meus planos participar na maratona de Nova Iorque.

Quem vai a Londres, obrigatoriamente tem de ir visitar o Big Ben. Realmente, o raça do relógio é bem bonito. É inevitável não ficar horas de boca aberta a olhar para ele – e depois ganhar uma valente dor na cervical, porque o sacana do relógio ainda está a uma altura considerável. Mas, passados alguns minutos, constata-se que, afinal, aquilo não passa de um relógio, porra. É um simples relógio, mas numa proporção gigantesca. E eu até nem gosto assim muito de relógios, visto que nem tenho por hábito usar relógio. Mas, inevitavelmente, é uma foto que, tirada por alguém que não seja um perfeito leigo – como é o meu caso, no que toca à fotografia –, até resulta num background para o ecrã do computador, bastante catita.

A Tower Bridge é outro local que não podemos deixar de visitar, em Londres. É uma ponte, de facto, estrondosamente linda e portentosa, mas para quem tem vertigens como eu, é um terror. Ao atravessar a ponte a pé, dei por mim a correr para chegar ao fim, com receio que o mecanismo da ponte-levadiça se accionasse eu eu caísse ao Rio Tâmisa. Quando a minha namorada chegou ao pé de mim, já eu estava no famoso The Queen´s Walk, a tirar fotografias à Tower Brigde, usando a desculpa: «Ó mor, então eu atravessei a ponte a correr porque sabes que aqui, em Londres, anoitece depressa e eu queria tirar umas fotos catitas ao raça da ponte…»

Na minha mais pura ignorância, não fazia ideia que a London Eye (Roda-gigante) nunca parava de rodar. É certo que ela roda a uma velocidade tão reduzida que parece estar parada, e isso dá tempo para as pessoas entrarem e saírem daquelas espécies de «casulos» agregados de onde se pode ver Londres inteira. Optei por não andar… Não por ter vertigens, mas sim por ter receio de nunca conseguir sair de lá a tempo, e claro porque cada viagem custa uma data de massa.

Mas, no final de contas, adorei Londres. Ficará para sempre na minha memória, como a cidade em que eu subi tantos degraus que ia ficando sem um pulmão; fugi de um indiano com uma faca na mão; dei um mau-jeito ao pescoço de ficar a olhar para o Big Ben; que descobri que tenho muito respeito por pontes-levadiças e que o raça da velha é tão egocêntrica, que tem um caminho só seu (The Queen´s Walk), ao longo do Rio Tâmisa.

Londres é uma cidade mágica… e eu fiquei apaixonado por ela.

Até para a semana, malta catita…