Lutando pela soberania do “The Gib” – Nuno Araújo

As autoridades de Gibraltar colocaram 70 blocos de cimento nas zonas de aterros à volta do seu pequeno território; esse acto de gestão do governo de Gibraltar faz assim aumentar a área do “Rochedo”, e está inserido no plano local de fomento à criação de recifes artificiais nas águas exteriores da baía, que é um espaço disputado historicamente pela britânica Gibraltar e Espanha. Mais: a colocação desses blocos de cimento tem, segundo as autoridades espanholas, o inconveniente de prejudicar a faina aos pescadores espanhóis da baía de Algeciras.

No ano em que se assinalam 300 anos de soberania britânica sobre o “the rock”, nasceu mais um episódio do já longo conflito diplomático entre Reino Unido e Espanha, acerca da contenda sobre Gibraltar. O território minúsculo, que é domínio britânico, tem sido afectado pelas últimas políticas fronteiriças espanholas, que determinam mais rigor no controlo na fronteira entre Espanha e Gibraltar. Uma das justificações avançada por Espanha prende-se com o crescimento do contrabando de tabaco que passa na fronteira e se tem verificado nos últimos anos. A verdade é que esse tipo de verificações demoradas por parte das autoridades espanholas, na fronteira em causa, contraria regulações disposições e comunitárias sobre circulação de pessoas e bens em solo da UE, ainda que Gibraltar não esteja abrangido pelo acordo Schengen.

Em todo o caso, o que se pode depreender desta nova estratégia espanhola para lidar com a situação é que se deu início a uma fase de “represálias” por parte do governo de Madrid, que concebe toda uma forma mais “hostil” de liderar as operações de fiscalização no posto fronteiriço com Gibraltar, criando dificuldades acrescidas à vida de todas as pessoas que desejem entrar em Gibraltar.

Porém, a grande represália foi já lançada por David Cameron, primeiro-ministro britânico, que solicitou a Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, uma missão de fiscalização às actividades de vigilância espanhola na fronteira com Gibraltar. De resto, se as posições diplomáticas se mantiverem como aquando do Tratado De Utrecht (1713-1715), que decidiu a entrega de Gibraltar à Grã-Bretanha, será de esperar que Portugal, Holanda, Alemanha e Suíça apoiem os britânicos no diferendo com Espanha.

Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana