Mais uma vez, o buraco do ozono – José Ligeiro

A camada de ozono é uma região localizada na estratosfera, entre 15 e 35 quilómetros de altitude e com cerca de 10 km de espessura, onde se concentram altas quantidades de ozono. Esta contém aproximadamente 90% do ozono atmosférico. Os gases desta camada são tão rarefeitos que, se comprimidos à pressão atmosférica no nível do mar, a sua espessura não seria maior que alguns milímetros. Este gás é produzido nas baixas latitudes, migrando directamente depois para as altas latitudes.

A camada de ozono serve como protecção às radiações electromagnéticas emitidas pelo Sol e que trazem energia para a Terra, entre as quais a radiação infravermelha (IR), a luz visível e um misto de radiações e partículas, muitas destas nocivas aos seres vivos como os raios ultravioleta (UV) capaz de provocar cancro na pele e outras doenças. O ozono deixa passar apenas uma pequena parte dos raios UV, esta benéfica.

Grande parte da energia solar é absorvida e reflectida pela atmosfera. Se chegasse em sua totalidade à superfície do planeta, este ficava esterilizado, á semelhança de Marte. Esta camada forma-se e destrói-se por fenómenos naturais, mantendo um equilíbrio dinâmico e não retendo sempre a mesma espessura, pois pode alterar-se naturalmente ao longo das estações do ano e até de ano para ano.

Sobre a sua criação, o ozono estratosférico forma-se geralmente quando algum tipo de radiação ou descarga eléctrica separa os dois átomos da molécula de oxigénio (O2) que então se podem recombinar individualmente com outras moléculas de oxigénio para formar ozono (O3). A radiação ultravioleta também contribui para a formação deste gás.

Quando o oxigénio molecular da alta atmosfera sofre interacções devido à energia UV do Sol, acaba dividindo-se em oxigénio atómico (o átomo de oxigénio e a molécula do mesmo elemento unem-se devido à re-ionização, acabando por formar uma molécula de ozono cuja composição é O3). Aqui, existem correntes de ar de alta velocidade (jet streams) muito poderosas, cuja direcção é horizontal. Estas espalham os gases da região em todas as direcções. Estranhamente, na atmosfera baixa, o ozono é activo e contribui para a poluição atmosférica industrial, sendo por isso considerado um veneno.

Os clorofluorcarbonetos (CFC), para além de outros produtos químicos produzidos pelo homem que são bastante estáveis e contêm elementos de cloro ou bromo, como o brometo de metilo, são os grandes responsáveis pela destruição da camada de ozono.

Os CFC tem inúmeras utilizações, pois são relativamente pouco tóxicos, não inflamáveis e não se decompõem facilmente. Sendo tão estáveis, duram cerca de cento e cinquenta anos. Estes compostos, resultantes da poluição provocada pelo homem, sobem para a estratosfera completamente inalterados devido à sua estabilidade e na faixa dos 10 a 50 km de altitude, onde os raios solares ultravioleta os atingem, decompõem-se, mas com certa dificuldade devido á sua estabilidade, e então libera o seu radical, no caso dos CFC, o elemento químico cloro.

Uma vez liberto, um único átomo de cloro destrói cerca de 100 000 moléculas de ozono antes de regressar à superfície terrestre, muitos anos depois. Outros gases, como o óxido nítrico (NO) libertado pelos aviões na estratosfera, também contribuem para a destruição da camada do ozono.

Agora, investigadores ligados à agência espacial norte-americana NASA afirmam que a proibição mundial de utilização de químicos que destroem a camada de ozono da Terra ainda não teve qualquer efeito mensurável e sendo assim, este não se vai curar antes de 2070

As alterações registadas anualmente nas dimensões do buraco da camada de ozono existente sobre a Antárctida são o resultado de variações naturais das correntes atmosféricas e não um sinal de recuperação. O ozono é produzido nos trópicos e depois transportado pelos ventos para a região polar, mas este transporte varia um pouco de ano para ano.

Os dados mais recentes permitem concluir que a simples medição do tamanho do buraco da camada de ozono não é a melhor forma de perceber até que ponto a atmosfera do planeta está a recuperar.

Os investigadores prevêem que só a partir de 2025 será possível começar a registar resultados da proibição de libertação para a atmosfera de substâncias químicas destruidoras de ozono, os clorofluorcarbonetos (CFC), decidida nos anos de 1990.

Caros leitores, deixem que vos diga que é tudo natural e sem espinhas.

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