Manif dos Segredos – Miguel Bessa Soares

Dia 15 de Setembro de 2012 iria entrar para a história, como o dia em que um país fazia na sua história a 2ª revolução pacífica.
Alguns portugueses conseguiram finalmente tirar da habitual apatia a grande percentagem dos outros portugueses, para se manifestarem um pouco por todo o país naquele que seria um grande cartão vermelho à política do actual governo.
Iria, seria, mas não foi. O amigo Pedro guardava na manga o maior trunfo.
Era de esperar que tal manifestação fosse o tema da actualidade, o tema de conversa em qualquer café do país (pelo menos no início da semana), mas não foi. Pedro Passos Coelho guardava um grande trunfo na manga – A estreia de “A Casa dos segredos”.
Esperava eu entrar no café na segunda feira, para ouvir os habituais comentadores políticos de café exporem as suas teorias revolucionárias de esquerda, e fico espantado quando o tema de conversa é: quem são as loiras? Quem são as burras? Quem consegue o dois em um? (E isto não é uma critica às mulheres em geral, todos sabemos que as intervenientes são sujeitas a um rigoroso casting) e onde se lê loiras e burras, pode ler-se loiros e burros porque normalmente o grau máximo exigido é tão baixo, que não se consegue separar o trigo do joio.
Esquecida a crise, a derrota da selecção de hóquei em patins, e as políticas do governo, tudo isto leva a pensar que se calhar a única forma séria de atrair os portugueses para este assunto, era criar uma casa dos segredos com pessoas conhecidas. Mas isto sim, era um desafio à produção, terminaria em poucas horas, porque os segredos eram muito fáceis de relacionar com os intervenientes… ora tentem lá:
“Deixei um país de tanga e fui estudar para França.”
“Nunca fui grande aluno, mas num ano doutorei-me.”
“Desertei, mas mesmo assim cheguei a presidente da república”
“Com a compra de dois submarinos garanti a minha reforma”

Havia muito mais “segredos” a revelar, mas parecendo que não os processos judiciais são caros…


Crónica de Miguel Bessa Soares
Mundo ao Contrário