Memória – João Cerveira

Memória. É o que falta a muita gente. E aposto que isso se vai comprovar (outra vez) nas próximas eleições. A maioria parece ter memória de peixinho de aquário, tão pequena que não se consegue lembrar do que pessoa A ou B fizeram na década passada. Foi assim, por exemplo, com Cavaco Silva. Ou isso ou a maioria da população portuguesa tem tendências masoquistas. Seria interessante para os especialistas estudarem estas tendências.

Bem sei que as autárquicas são eleições diferentes. As pessoas olham mais para as pessoas e menos para os partidos.
E algumas pessoas – apesar da limitação de mandatos – mereciam continuar pois, questões partidárias à parte, são bons autarcas, fizeram evoluir os seus municípios.  Mas é necessária – mais do que nunca – a renovação dos titulares de cargos políticos. Estamos já todos cansados da “seita” que nos governa há anos e, quando existem pequenos indícios de que estamos a crescer – que não interessa aos países da Europa Central e aos especuladores de todo o mundo que ganham dinheiro com os juros que cobram aos países – tem de haver uma crise – económica ou politica ou ambas – que estraga tudo. E trás de novo ao poder aqueles cujos interesses se harmonizam com os anteriormente referidos, que mais ligam a quem ganha com a nossa pobreza do que com a evolução e prosperidade de quem os elegeu.

Nestas eleições – momento único de cidadania – vote pela sua cabeça. Mas pense bem antes. Procure informar-se. Recorde o que fez a pessoa que se propõe para ser presidente do seu município, da sua freguesia, etc. Muitos deles têm passado em funções públicas e, muitas vezes, não é um passado nada agradável. A história de “vamos punir o partido X por não ter feito nada” é muito bonito, mas votar sem pensar em quem se está a dar a “vez”, é como estar à beira do precipício e, em vez de recuar, dar o passo em frente. Decidi escrever isto porque me lembrei das (imensas) vezes que ouvi dizer “estes já tiveram a sua vez, agora é a vez de por lá outros”. E atenção que isto não é renovação. É simples descrédito pelas instituições. Se não escolhermos bem quem nos governa, como poderemos depois ter moral para criticar? Depois da asneira feita não adianta chorar.

 

 

Crónica de João Cerveira

Diz que…