Mercado de Inverno: Os ajustes e desajustes das 18 equipas.

Curto mas bom. Escasso e prejudicial. Morno. O mercado de Inverno acaba esta segunda-feira e as opiniões das 18 equipas, variam entre as 3 primeiras frases. Os três grandes têm também eles visões distintas do que foi este Inverno frio e chuvoso, cheio de movimentações. Ao longo desta crónica, abordaremos os plantéis, quer de Benfica, Porto e Sporting, como, por alto, os das 15 outras equipas. Terá sido esta janela de transferências um frio de rachar? Ou terá vindo algo quente e acolhedor para aconchegar?

Comecemos por quem está em primeiro, ou seja, o Benfica. Os encarnados sofreram um enorme revés neste mês de Janeiro. Inevitável, porém, doloroso. Enzo Pérez abandonou o clube da Luz para se juntar aos espanhóis do Valência numa transferência acordada por 25 milhões de euros. Economicamente, poder-se-á dizer que foi uma venda extraordinária, em virtude dos 29 anos do argentino e da sua escassa vontade de por cá continuar. No que concerne à vertente desportiva, foi uma enorme perda. Enzo era o motor do Benfica, o dínamo que fazia jogar a equipa e a peça fulcral no motor das águias. Por mais adaptações, compras baratas ou sérvios que se arranjem, nenhum será, pelo menos para já, capaz de suprir a ausência do “8” alviceleste. Portanto, só por esta amostra, podemos considerar que o mercado de Inverno foi penoso para os lados da Luz. Todavia, nem tudo foi mau. Mukhtar, o jovem alemão que eliminou Portugal do Europeu de sub-19 – como não podia deixar de ser – , o argentino Jonathan Rodríguez, que vem com rótulo de craque e Élbio Alvarez, que chegou para rodar na equipa B, todos eles foram contratados pelos encarnados. Janeiro trouxe também a promoção de dois jovens da equipa B para a equipa principal do Sport Lisboa e Benfica; Gonçalo Guedes e Rui Fonte. Veremos agora quais serão as oportunidades que Jorge Jesus lhes dará. Se for para entrar a 5 minutos do fim em jogos complicados, mais vale deixar estar onde estavam.

Em seguida, direccionamo-nos para a equipa que está como principal perseguidor dos encarnados, o F.C.Porto. Para o clube azul e branco, este mercado foi morno. Fraquinho. Indiferente. O Porto acabou por não contratar ninguém, dispensando apenas Opare e Kelvin, por empréstimo, para o Besiktas e Palmeiras, respectivamente. Tudo o resto foi uma miragem. Lopetegui não conseguiu pedir mais nenhum jogador, após ter “obrigado” Pinto da Costa a investir como nunca e a ter os resultados que se sabem. Foi uma questão de bom senso. Ou isso ou medo de ouvir uma resposta menos positiva. Para o resto da época, o espanhol terá de contar com os que tem, que não são maus, pelo contrário, são óptimos. A única coisa negativa que Janeiro trouxe para os lados do Dragão, foi a ausência de Brahimi. O argelino perdeu o mês todo de Janeiro em virtude da sua presença na CAN, contudo, voltará agora a Portugal após a sua seleção, a Argélia, ter sido eliminada este Domingo pela Costa do Marfim. Há também espaço para boas notícias. As boas notícias prendem-se com o facto de Jackson Martínez ficar até ao final da época. Esse sim, o melhor reforço do F.C.Porto.

Viramos agora atenções para os de Alvalade. O Sporting tinha uma missão nesta janela de transferências: comprar um central. A missão foi bem sucedida. Além de ter contratado um central de alguns créditos firmados, neste caso, Ewerton vindo do Anzhi e antigo jogador do Sporting de Braga, também despachou um dos “estorvos” da equipa, Maurício. Após erros crassos atrás de erros crassos, Marco Silva chegou à conclusão de que o sector defensivo da equipa necessitava de ser reforçado. Nem Sarr, nem Maurício foram competentes na missão de defender a equipa verde e branca. Com tal desacerto defensivo e com Janeiro ainda distante, o treinador do Sporting viu-se obrigado a chamar um jovem central da equipa B, Tobias Figueiredo. O jovem português chegou, viu e agarrou o lugar. Podemos assim considerar também Tobias um reforço de Inverno. Com dois centrais “contratados”, Marco Silva tentou ainda mais um, Bruno Uvini do Nápoles. Tudo isto de forma a que Sarr nem para 4º central seja necessário, o mesmo que dizer; “tudo faremos para que ele não jogue”. Contudo, não foi bem sucedido. As negociações falharam e Uvini vai permanecer no Napóles. Analisando mais a fundo, veremos que, nem só de contratações se fez o mês do Sporting. As saídas também foram algumas. Além de Maurício que foi para a Lazio, também Héldon foi emprestado ao Córdoba. Esgaio, Iuri Medeiros, Fokobo e Salim Cissé, da equipa B, foram também emprestados a equipas da Primeira Liga. Posto isto, podemos dizer que a turma de Alvalade resolveu o problema central e ainda se viu livre de um peso morto, Maurício. Em suma, foi excelente.

O campeonato português não se faz só de 3 equipas. Dessa forma, analisaremos assim as restantes 15 equipas e os “vai-vem” do mês mais frio do ano, aquecido pelas contratações sonantes, saídas de peso e rumores diários. Neste defeso, existiram várias equipas a receber jogadores emprestados dos grandes. O Paços de Ferreira, com Rúben Pinto e Fábio Cardoso, vindos do Benfica B, o Arouca, que recebeu Fokobo e Iuri Medeiros, vindos do Sporting B e Kayembe vindo do Porto B e a Académica, que conta com Salim Cissé e Ricardo Esgaio, vindos ambos do Sporting B. Apesar de bons reforços, receber emprestados de equipas do mesmo campeonato é sempre um assunto delicado, sendo que os clubes estão, de facto, a valorizar activos de outros. Existiram ainda outras equipas que se reforçaram bem, como o Estoril que foi ao Brasil buscar jovens de valor, o V.Setúbal que foi buscar Dávila ao Chelsea e, a equipa que melhor se reforçou no mercado de Inverno, o Nacional. Os madeirenses foram buscar jogadores como Wágner, ex-Moreirense e um jogador de qualidade, Tiago Rodrigues, o ex-Guimarães que é um jovem talento português e Christian, que vem bem cotado da Roménia. Pelo lado negativo, encontra-se o Belenenses. Os azuis perderam este Domingo o seu melhor goleador, Deyverson, que vai jogar na Bundesliga. Uma perda enorme que terá repercussões gigantes na equipa. Que, apesar de ter recebido Carlos Martins, ficou assim sem a sua principal referência ofensiva. Esperam-se mais novidades quer dos azuis, quer dos restantes clubes, neste emotivo Winter Transfer Deadline Day, ou como quem diz, o paraíso dos jornais desportivos.

Está feito o resumo de uma janela de transferências mais serena do que o habitual, tendo em Enzo a principal movimentação no nosso campeonato. Resta-nos esperar que os cá estão sirvam para tornar a nossa Liga, um local onde se pratica futebol de excepção. Num país onde os árbitros tem mais relevância que os verdadeiros protagonistas, espera-se sempre que o nível evolua e não estagne. Dessa forma, todos desejamos que os que cá ficam, sejam melhores do que os que já foram.