Miklos Feher…10 anos depois – Sabine Borges

Toda a gente se lembra daquele dia. Toda a gente se lembra daquele jogo. Toda a gente se lembra daquele cartão amarelo. Toda a gente se lembra daquele último sorriso…e da queda violenta a seguir. Umas imagens que nunca ninguém conseguirá esquecer, mesmo passados 10 anos. No dia do aniversário da sua morte, foi duro rever aquelas imagens, relembrar que em direto vi tudo acontecer, sem saber como reagir, sem querer acreditar na tragédia que se avizinhava, com a esperança no coração que a reanimação seria possível, que Feher voltaria a abrir os olhos, que aquele seu sorriso não sería o último. É difícil conseguir explicar, conseguir transpor este turbilhão de emoções. Foi estranho, duro, rever uma das imagens, entre tantas, que mais me marcou: Miguel, de joelhos a chorar, deitando as mãos à cara e a olhar para o céu em pleno desespero. Apesar de todos os jogadores das duas equipas estarem em agonia pois melhor que ninguém, melhor que qualquer espetador e telespetador, sabiam aquilo que se estava a passar e qual seria o desfecho infelizmente. Contudo foi a imagem que mais me marcou e que nunca abandonou a minha memória. Hoje, passados 10 anos, penso que injustiça da vida de levar este jovem com 24 anos, prestes a ter uma carreira promissora. Porquê? Infelizmente Feher não foi o único caso, de jogadores profissionais e não profissionais, ou de outros profissionais do desporto. Ou mesmo de jovens que simplesmente se deslocam ao ginásio diariamente, ainda há poucos dias um caso assim sucedeu. Sem nada que o fizesse prever, no meio da sua sessão no ginásio, o jovem caiu inanimado ao chão. Como é que se consegue explicar uma morte fulminante deste género? A morte já não é fácil de explicar por si só…mas quando acontece sem nenhuma razão lógica, apenas como algo fulminante mais dificíl é de explicar. Mas a morte prematura de Miklos Feher conseguiu uma onda de solidariedade e união como nunca foi visto que foi para além dos clubes. Nunca a rivalidade entre clubes significou tão pouco, nunca os “rivais” se uniram tanto, e apesar do motivo Mikki, onde quer que estivesse, deve ter-se orgulhado e quero acreditar que aquele sorriso foi uma mensagem de paz que quis passar para acalmar as guerras. Infelizmente essas mesmas guerras não acabaram, e continuam a aumentar de dia para dia.

Seja como for, esta crónica não é dedicada às rivalidades entre clubes mas sim como simples homenagem a um grande jogador que jamais será esquecido. Miklos Feher.