A minha mãe faz 50 anos

As pessoas andam esquecidas e de cabeça no ar, devem de andar entretidas com as greves do metro; as pessoas gostam dessas coisas para se distrair …estranho.

As pessoas andam esquecidas, esquecem-se de dizer o teu nome, de te lembrar de como és bonita, assim, simples; as pessoas deviam de te sorrir mais, de te amar mais, de te querer mais; as pessoas deviam de te agradecer mais. Não julgues Elisa, não te julgues egoísta, tu mereces mais.

Ouvi dizer que és mãe, duas meninas, não é? Para cinquenta anos não está mau, aliás, tu não estás nada mal. Gostos da cor do teu cabelo, dos teus olhos, das tuas pernas magras, das tuas rugas quando te ris, ficam-te bem.

Gosto quando falas mais alto ao telemóvel, quando te repetes em palavras e mimos, quando usas e abusas do «Está tudo bem?», quando gastas o nome de quem mais amas como se fosse a última vez que o dissesses. Gosto disso em ti, fica-te bem.

Ficam-te bem as lágrimas, as mulheres choram, e as guerreiras também. Choram escondidas, mas não tenhas vergonha das tuas lágrimas, são sinal de coragem, porque para chorar também é preciso ser audaz.

As pessoas deviam de andar mais atentas, deviam de reparar em gente como tu, com princípios, com valores, com 50 anos de gargalhadas, de vida, de amor. Podes-te gabar disso, podes dizer «de boca cheia» que tens amor, tens quem te ame, isso é o melhor dos presentes. Parabéns mãe, este é só mais um dia de amor.

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!