Mini-ciclo de Crónicas Poéticas – Três Poemas ao Ciclo de Vida

Hoje, encerrando o ciclo de crónicas poéticas de Agosto, neste espaço que generosamente me dão no Mais Opinião, e que também é vosso, deixo-vos três poemas, palavras e sentimentos que em verso expresso aqui, que espero poderem apreciar de alguma forma, seguidos de uma breve reflexão acerca da vida e dos seus momentos.

TRÊS POEMAS AO CICLO DE VIDA

Poema 1 – “Nascimento”

De onde vieste com olhos tão abertos,
plenos de luz dentro de si?…
Quem serás tu agora que aqui chegas,
que ser humano a vida fará de ti?…

Chegas ao mundo, onde nada conheces,
ou não lembras porque já esqueceste,
Chegas agora e tudo em ti começa,
ou é um livro onde já escreveste?…

Quando no mundo o teu primeiro choro,
nada revela sobre quem serás…
És bebé terno, doce rosto e olhar,
e quem te cuida por ti tudo faz…

Com o tempo te irás revelando,
olhando o mundo, nele trabalhando…
E de repente o tempo passou,
olhas agora quem hoje chegou…

Poema 2 – “Vivências do tempo”

Passa o tempo devagar,
nunca mais és gente adulta,
Passam horas, meses, anos,
e para ti o tempo encurta…

O que ontem demorava,
tempo imenso a passar…
Num repente se tornou,
um momento a terminar…

Hoje o tempo corre e voa,
sem que o faças avançar…
Um dia atrás do outro,
para chegar a outro lugar…

Mas porquê forçar o tempo,
fazer o tempo andar?…
Se ele corre sem quereres,
e não volta a recuar…

Poema 3 – “Envelhecimento”

Hoje olhaste-te ao espelho,
e não te encontraste…
Fixaste nele o teu rosto
e nada viste de ti…

Memórias vãs de outra face,
de uma vida que viveste…
Sinais e linhas e rugas,
o preço de chegar aqui…

Dentro do corpo trôpego,
encontras o que há de teu…
Com força, esperança e vontade,
recuperas o teu Eu…
.
Vivências que foram passando,
o tempo num sopro as levou…
Agarra o Hoje e o sonho,
Vive o que o tempo deixou…

(Por Lúcia Reixa Silva, em 22 de Agosto de 2016)

E termina aqui este mini-ciclo de crónicas poéticas de Agosto, com estes poemas que retratam alguma reflexão naquilo que é na verdade o ciclo natural de tudo o que é vivo: Nascer, Crescer e Viver, Envelhecer…tudo parte do processo de vida, em que nada se perde, nada se cria e tudo se transforma (tal como expressa, e bem, a Lei de Lavoisier ou lei de conservação das massas, na Natureza é mesmo assim…e daqui se pode aferir muito para além da lei, ainda que na mesma linha de pensamento…Assim é.).
O importante, creio, é viver cada momento como se fosse único – porque o é – e valorizarmos na vida aquilo que é essencial para nós…valorizar o que é de facto importante…desvalorizar o que não é essencial ou aquilo que apenas nos prejudica, a nós ou ao outro.
E o tempo?… O tempo é na verdade uma dimensão que obedece à relatividade, como todas as coisas…
Sugiro pois, que aproveitemos o tempo, caros leitores e leitoras, amigos e amigas, da melhor forma que pudermos e soubermos, com elevação e nobreza de carácter, e sempre longe daquilo que é “mesquinho” e “pequeno”, contribuindo para um mundo melhor…Não deixemos que outros nos tirem a paz interior, e que a possamos trazer sempre connosco…quem sabe levá-la onde se faz mais necessária, afastando de nós e dos nossos caminhos tudo o que é vão e efémero, e também o que é negativo e prejudicial para quem quer que seja, para nós ou para o outros…
Que assim seja, e que a vida nos surpreenda a cada dia de forma positiva.
Saibamos nós também viver os momentos que nos são oferecidos, com elevação, actos, palavras e valores, sentimentos nobres e justos, e que tenhamos sempre uma capacidade imensa de discernimento.
Sem discernimento é complicado perceber os caminhos que devemos seguir a cada momento, e perceber o que é realmente melhor para nós e para quem se encontra à nossa volta…
Grandes males há no mundo quando aos seus governantes falha o discernimento e a elevação de valores justos e nobres…Assim é nas nossas vidas…em todas as idades e fases que ela nos concede…
Desejo-vos uma semana iluminada e de uma imensa paz!
Boas leituras!