Moda Para Tótós

Confesso-me interessado, e entendido (pelo menos até certo ponto), por quase todas as áreas. Gosto muito de literatura (sendo inclusivamente um viciado em ler), de música, de cinema, de futebol (e de mais algumas modalidades desportivas), de teatro, de política e de tantas, mas tantas, outras áreas. Percebo, e sei, mais de umas do que de outras (embora tenha uma sede de conhecimento que me leva a querer saber sempre mais e mais), como qualquer cidadão comum. Contudo há uma área que não percebo (e que acho que nunca perceberei): moda. Admito que a moda é o meu Calcanhar de Aquiles, pronto! Mas como o “Desnecessariamente Complicado” é como que a minha ida semanal ao psicólogo será exactamente esse o tema desta semana!

Vamos por partes. Eu não percebo nada de moda e não tenho ambições de perceber. Ambiciono apenas chegar ao dia em que saberei conjugar a cor das calças com a da camisa sem temer cometer uma parvoíce tão grande que leve a que as mulheres, que passarem por mim na rua, se riam da minha figura. “Mas só as mulheres é que iriam rir?” Pergunta pertinente cara leitora! E eu respondo-lhe: claro que sim, dado que só se poderiam rir as pessoas que percebessem o suficiente de moda para avaliarem (negativamente) a minha conjugação de cores. E quem é que tem esse nível avançado de conhecimento? As mulheres.

Eu sei que existem alguns homens que são suficientemente dotados de inteligência ao ponto de atingirem esse nível. Mas como são um número muito reduzido a probabilidade de eu encontrar um deles na rua está muito próxima do zero.

Portanto, resumindo e concluindo: eu sei pouco, admito que sei pouco e não tenho grandes ambições de saber muito mais. Ou seja: neste ponto da crónica é bem provável que apenas ainda tenha comigo aqueles que, tal como eu, pouco sabem de conjugações de cores.

“Mas a moda é muito mais do que conjugar cores e peças de roupa!”. Eu sei que é. Precisamente por isso é que tentarei, de seguida, criar um pequeníssimo “dicionário” que descomplique alguns conceitos, e palavras, que nós (não-amantes de moda) nunca entendemos.

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Desfiles de Moda – Ocasiões em que correntes de ar, com um bocadinho de ser humano agarrado, passeiam roupas extravagantes de criadores mais, ou menos, conhecidos. Acontecem várias vezes por ano (e ainda bem, senão de que outra forma me lembraria eu que o tempo muda e necessito de usar roupa mais quente/fresca?) e alguns são tão famosos que chegam a ditar as próximas tendências.

Tendências – Roupas que os “entendidos” dizem que TEMOS QUE USAR! Caso contrário podemos vir a ser excluídos dos planos nocturnos dos nossos amigos, que apenas frequentam bares que constem da lista dos “Locais Mais In da Noite Portuguesa” (e nós não queremos isso pois não?). Aqueles que não seguirem as tendências serão alvo de comentários de tom jocoso nos blogues dos “polícias da moda” (por exemplo: “As riscas horizontais são tãoooo 2014! Como é que alguém pode sequer pensar em sair de casa naquela figurinha?” ou mesmo “Homem que se preze não usa barba à “Pai Natal” desde 2010, por amor de Deus! Sim, foi uma tendência, mas já passou de moda! Aparem essa barba antes que sejam confundidos com um sem-abrigo!”).

Imprensa Cor-De-Rosa – Normalmente é associada a pseudo-famosos, às festas/eventos que os mesmos frequentam (mas dos quais ninguém quer, verdadeiramente, saber até porque nos enerva e enoja o facto de terem tudo à borla), contudo tem uma forte relação com a moda. É através dela que sabemos da vida privada super (des)interessante das modelos, dos criadores, das governantas dos criadores, dos seguranças privados do condomínio onde….bem acho que já perceberam a ideia. Mas é também através destas revistas que acompanhamos os desfiles mais importantes do país e do mundo. É, portanto, um complemento aos dois pontos anteriores. Não acompanhar este ponto pode comprometer todo o círculo (vicioso…cof…cof) que aqui vos apresento.

Canais de Televisão/Youtube de Moda – Um subtópico dentro da imprensa cor-de-rosa. Os especialistas dirão que deveria de estar enquadrado no tópico anterior, contudo os não-especialistas (nomeadamente os homens) terão uma opinião diferente. Este é o local indicado para: ver correntes de ar a desfilar (e uma ou outra modelo verdadeiramente atraente); ouvir música chill-out (visto ser sempre essa a banda sonora de todo e qualquer programa/desfile) e ficar embasbacado em frente à televisão/computador (fruto da total ausência de substância que os referidos canais possuem). Atenção: a exposição prolongada a estes conteúdos podem levar os homens a ocupar espaço do seu cérebro com conceitos e produtos que nunca lhes serão necessários, tais como: eyeliner ou mesmo blush (exceptuando no Carnaval, claro!).

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Obviamente que este é apenas o início do referido dicionário. Muito mais haveria a dizer (e quem sabe se um dia destes continuo a obra?), mas para começo não me parece nada mal!

Esta é uma crónica repleta de sinceridade e honestidade, mas também de humor e ironia. Eu não tenho nenhum ódio de estimação à moda, mas a maioria do seu universo faz-me espécie. Porque raio terei eu de usar o que uns quantos macambúzios dizem que devo usar? E porque raio são eles a ditar as “tendências”? Como é que eles definem o que é “tendência” e o que é só desprovido de sentido? Têm uma tômbola?

Se o processo envolver uma tômbola eu passo a gostar de moda, atenção! Por exemplo: imaginem, por breves instantes, o vosso criador de moda preferido a fazer rodar uma tômbola e a tirar de lá um papelinho – a dizer “riscas na diagonal” – e a reagir da seguinte forma: “Ahhhh bolas! Riscas na diagonal? Mas isso faz algum sentido? E eu que queria tanto que saísse a opção “bolas amarelas e roxas” e nem com batota o consegui!”.

Eu tenho sempre tendência para não ligar às modas. E ainda bem que o faço, senão em meados de Janeiro deste ano teria dado por mim a andar demasiado “destapado” pela rua. Não acredita?

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É que em Janeiro o criador Rick Owen foi notícia foi ter colocado, na Semana da Moda de Paris, um modelo a desfilar deixando á mostra….o seu “abono de família”. Exacto, o rapaz desfilou parcialmente nu. Uma coisa são decotes ou saias quase invisíveis a olho nu. Outra, completamente diferente, é mostrar as pendurezas ao mundo. O modelo em causa ficou famoso (como seria de esperar), o criador deu mais entrevistas do que nunca e nós vimos algo completamente desnecessário. Cada um tem o que merece não é verdade? Quem é que nos manda a “nós” seguir a moda? Ficaram curiosos(as) em relação ao modelo em causa? Podem vê-lo aqui ao lado, contudo a imagem que vos mostro não contém nudez (mas eu sei que queriam, seus doidivanas!). Por isso se quiserem ver a fotografia completa pesquisem no Google porque certamente a encontrarão!

Brincadeiras aparte a verdade é que nunca achei muito sentido no universo ligado à moda. Sim, precisamos dele, mas não temos de o seguir cegamente (tal e qual um livro religioso que necessita de ser adorado, estimulado e nunca questionado). Esse mundo é tão desonesto, hipócrita, fútil e enganador quanto qualquer outro (infelizmente é algo universal), apenas precisamos de abrir bem os olhos de forma a sabermos distinguir as boas das más companhias, e os bons dos maus exemplos.

Sigam a moda (nomeadamente a nacional, já agora!), mas com cuidado! Não sei deixem prender nas teias das Viúvas Negras que por aí andam!

Boa semana.
Boas leituras.