A Moral e a Ética de cada um de nós…

O sentido de moral transcende para alguns, o significado de ética. Duas simples palavras nunca foram tantas vezes mencionadas como nos últimos anos no nosso belo Portugal. Perguntar a alguém o significado de ética pode ser entendido por alguns, como uma grande armadilha, por a palavra ética usufruir de inúmeros significados. Mas, para falarmos de ética, temos, obrigatoriamente, de referir um outro conceito que, normalmente, conhecemos por moral. A moral, é o que na intimidade da nossa consciência nós não admitimos que seja feito, como se tratasse de um conjunto de condutas que aceitamos, mesmo que, em algum momento da nossa vida, pudéssemos ser beneficiados. Ou seja, é um auto-controlo do nosso comportamento perante a sociedade em que estamos inseridos, um juízo na primeira pessoa do singular, onde se discute o que o nosso eu pode ou não fazer.

O dilema, de quando encontramos algo que não é nosso e decidir se devolvemos ou não, pois, nós sabemos que ninguém sabe que o encontramos mas, muitos não admitem usar o que não é seu. Desta forma moral, é o que não fazemos por nada deste mundo. Muitos dizem: o dinheiro não compra tudo. Se compra ou não é um acto moral e individual de intimidade da consciência de cada um de nós, ter-se consciência de si mesmo ou porque não dizermos, consciência moral. No fundo, uma prerrogativa de fazer ou não fazer. Isto é Moral.  Uma genuína intimidade que, na prática, permite ao indivíduo submeter-se sempre à moral social. Mesmo que, em alguns casos lhes seja impossível respeitar o livre-arbítrio individual, quando em causa está a sua própria moral. Assim, podemos dizer que vivemos numa sociedade desmoralizada pois, o nosso comportamento só é o adequado porque todos convivemos uns com os outros, pelo medo. O medo de sermos presos, o medo de perdermos aos olhos dos outros, a imagem que queremos que tenham de nós, o medo do medo.

E, por isso de certa forma, tentamos substituir o termo moral pelo termo ética. A ética pode ser entendida, não como um auto-controlo como a moral o é, mas sim, como um controlo externo. Um controlo que está, exclusivamente, e dependente do controlo efectuado por terceiros à nossa pessoa, controlar-se cada acto praticado por cada um de nós. Se porventura, num lindíssimo dia, não temos terceiros para nos fazer o escrutínio do que podemos ou não fazer, nós poderemos fazer, absolutamente tudo. Até matar, pois, ninguém nos está a ver e, “olhos que não vêem, coração que não sente”. E, desta forma, se praticamos tal acto obsceno, estamos livres de quaisquer responsabilidades pelos nossos próprios actos. Que, só diz respeito a nós mesmos, enquanto seres individuais e perfeitamente conscientes do nosso eu. Quando nos dirigimos a um qualquer estabelecimento comercial e percebemos que, a quantidade de dinheiro que temos na carteira, não chega para comprar o que se deseja, ninguém se atreve a dizer que leva o produto e já volta com a quantidade de dinheiro necessário. Pois, o vendedor não acreditaria em nós, mas não há razões para não acreditar em nós, por termos precisamente a nossa própria moral. Hoje verifica-se, de facto, que se coloca sempre, mas sempre, a ética à frente da moral. Assim, muitos de nós, perdemos a oportunidade de refletirmos na primeira pessoa do singular sobre o que podemos ou não fazer, com ou sem o controlo externo feito por terceiros.

Pensando-se para nós próprios mas sem se saber o verdadeiro significado, conceitos inventados apenas com o objectivo de ter-se o objectivo. Adorando-se os defensores da liberdade de expressão consoante a sua carta de interesses. Porque só existe liberdade de expressão desde que se faça e diga o que alguns querem que se faça e diga.

Criticar por criticar, leva-nos a uma sociedade que menospreza uma pessoa seja de forma emocional ou fisicamente, faz parte de uma cultura bárbara, logo bárbaros são todos aqueles que excluem outros da humanidade, todas as culturas tem os seus próprios bárbaros. Quando excluímos todos aqueles que não são portugueses, estamos a ser bárbaros. Aqueles que aceitam as diferenças não só não são bárbaros como são os civilizados, não só é fundamental como devemos glorificar a existência de Ateus e Católicos ou outras religiões por exemplo, por só assim, ser possível ter uma sociedade progressista, cultural e intelectualmente. Se nos perguntam por vezes o que queremos ser, respondemos apenas queremos ser o que somos por não sermos o que não somos. Podendo-se recomendar educar as crianças, para que não seja necessário punir os adultos.

Foto de Ricardo Ferreira

Temas como a emancipação da mulher começam a estar cada vez mais na ordem do, tudo porque a mulher não é para servir o homem mas sim, para igualmente ser servida. Sendo esta sociedade feita a volta da religião da qual nós portugueses somos os pais, os filhos e os netos. Por sermos dos países mais conservadores do mundo. Temos por cá indignos hereges que ousam defender o Estado Laico, o divórcio, o casamento homossexual e a plena adopçao, o aborto e futuramente a ultrajante eutanásia.

A eternidade diz que determinadas linhas não querem ser escritas por um única razão. A eternidade não querer passar a sua absoluta infinidade a lê-las. A Política clássica e, com muito orgulho, diria quem escreve as frases que estão a ler. Frases ditas da cultura popular se tratando como num filme cinematográfico assistido na primeira pessoa com olhos de quem não quer ver. Talvez, só o nosso eu, o poderá entender ao percorrer os longos caminhos pelo nosso eu consciente. Desejando-se a inconsciência do nosso eu, mas, por tão elevada ausência de compreensão desejamos a inconsciência do eu, sendo um dos principais factores que nos distingue dos restantes seres vivos ser precisamente essa inteligência, racionalidade, consciência do eu. Se assistíssemos a uma inconsciência permanente não teríamos a precessão do mundo que nos rodeia, logo, não teríamos essa mesma inteligência, racionalidade, consciência do eu para o desejarmos. Indo desta forma indefinidamente pelas terras de ninguém. Descobertas pelo nosso ser consciente de viajante confundido no tempo infinito de toda esta metafísica que nos rodeia. Sonhos adormecidos de um viajante inconsciente que sonha fazê-lo por terras ausentes num mundo de inúmeras veredas desconhecidas avistadas, apenas pelo nosso ser.

Em sentido abstrato, tendo em conta, as circunstâncias dos factos não se julgam as hipóteses não realizáveis na vida politica e pública, elaborações contrastantes e evidentes no conjunto de acções praticadas diariamente por todos nós. Diz-se apenas o que interessa ser ouvido por esses mesmos nós, nós sem nome por todos nós sermos nós próprios. Para além disso, pressupostos morais anteriormente pré-estabelecidos, levando-nos a dizer ou fazer algo quase que por instinto natural proveniente desde o nascimento, algo genético que é assim, transversal a todas as gerações sem qualquer excepção. Como se estivéssemos a assistir na primeira pessoa a uma interminável novela de Friedrich Nietzsche, de onde já fugimos tantas vezes, não sabendo se queremos voltar e, o narrador faz sentir o lado errado do peito que tanto desvenda como guarda o segredo da luz observada na escuridão que vai clareando quando nos quebra e diz-se Omnipresente, em que, aborda a total ausência de valores morais, sendo assim, necessário segundo Nietzsche para se atingir um elevado nível de purificação entre os homens.

Somos o que somos, por não sermos mais nada do que somos, lemos e escrevemos pela necessidade de o fazermos, enquanto esse dia e essa noite passam sem pedir licença a quem lê e escreve pela necessidade de o fazer. Querendo-se com as palavras desenhar aguarelas, mas, não conseguimos. Desejando-se que a simplicidade das palavras sejam para nós uma magia descritiva que, nos transporta para um mundo gramatical que através do olhar dos leitores possamos observar, sem os conhecermos, nada sabermos sobre os seus gostos, as suas vivências, as suas histórias que passam de geração em geração por do quotidiano de alguém terem feito parte. Vidas sofridas, como sofrem os autores e actores omnipresentes dessas histórias vividas de contrastes sombreados cheios de cores não explicativas aos que julgam ser quem não são. Realidades circunstanciais absolvidas nas virtudes morais de cada um de nós. Perguntar porquê, para saber porque existe o porquê, de perguntar.