Mudar. Começar. Recomeçar – Maria João Costa

Mudar é sempre bom. Diz quem mudou para melhor; quem mudou e teve sorte; dizem aqueles que se viram obrigados a mudar, e diz quem pior não podia estar, e a única solução era mesmo mudar.

Mudar é difícil. Temos que nos adaptar a um espaço diferente, a pessoas diferentes, a horários diferentes; entramos num projeto que nada tem a ver com o que fizemos até aqui, e voltamos a sentir tudo de novo. O medo de falhar e de desiludir quem apostou em nós, a ansiedade, os nervos à flor da pele, o “não quero incomodar”, o “pode-me ajudar”, o andar perdido sem saber o que dizer e por onde começar e sorrir para tudo e para todos com medo de não obter um sorriso de volta.

Os primeiros dias são de adaptação, decorar rostos e nomes, mostrar-nos, marcar presença e repetir o nosso nome até à exaustão. Passamos despercebidos, e não somos prioridade para ninguém. No meio da azáfama nem reparam que estamos ali, e cabe-nos a nós por pés a caminho, explorar todos os cantos e recantos, esperar que alguém nos convide para almoçar, e aproveitar os lanches e as idas ao café para falar com este e com aquele, para que ele nos apresente a outro e àqueloutro.

Depois do primeiro “arranque”, torna-se tudo mais fácil. Já nos conhecem, convidam-nos para o café da manhã, esperam por nós para os intervalos, partilham histórias caricatas, riem-se connosco e escrevem o nosso nome na lista dos jantares de equipa. Dá-mos o nosso melhor, e fazemos de tudo para que nada falhe. Quando alguma coisa não corre como o planeado, só temos que perceber o que falhou e não deixar que se repita. No final, quando tudo estiver sobre rodas vai ser a altura de ir embora e recomeçar num outro lugar qualquer.

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!