A mulher que não tinha um orgasmo

Era uma vez…não…esqueçam leitores, esta historia não é um conto de fadas, nesta historia não existe uma princesa, nem um príncipe, não há reinos encantados, bruxas ou duendes, nem acaba num épico foram felizes para sempre. Nesta historia há varias personagens secundarias, que se misturam em momentos, ora erótico, ora caótico, com a personagem principal, a Maria, na sua luta intima e desenfreada por um orgasmo.

Maria, trinta anos, curvilínea, sorriso fácil, feitio difícil. Cabelos negros compridos, olhos igualmente escuros, unhas pintadas, relógio no pulso. O seu estilo ostentava elegância e bom gosto, saias travadas, justas no corpo, sapatos de cunha bem altos. Maria tinha qualquer coisa que despertava facilmente a atenção masculina, a tal coisa indefinida ( já todos conhecemos alguém assim ), não era só a forma como se movia, a forma como falava, a forma como tocava os dedos suavemente nos lábios, era sobretudo o seu olhar, ora doce, ora louco, que intimidava qualquer um.

Maria tinha dezoito anos quando perdeu a virgindade, com o seu melhor amigo, o amigo de infância, o amigo que a acompanhou desde o berçário até à faculdade, o amigo que teria sido também o seu primeiro namorado, não fosse ele estragar a bela amizade com uma noitada de excessos, que culminou na partilha da cama com a melhor amiga de Maria. É óbvio que a Maria não teve um orgasmo na sua primeira vez, na verdade, ela não sentiu prazer algum, foi um momento bastante confuso e muito rápido, por sua vez, o amigo adorou, e quis repetir assim que recuperou o fôlego…o que Maria não sabia é que, aquele momento, era uma pequeníssima demonstração de como seria a sua vida sexual no futuro…

Sempre que Maria levava um gajo para a cama, ela apontava no seu diário ( ou bloco de notas, como queiram chamar ), deixado propositadamente em cima da mesa de cabeceira. Era um ritual premeditado: não dormia com ninguém em casa dela, não dizia a palavra amo-te a nenhum homem e, masturbava-se sempre, ou quase sempre, antes de dormir.  No seu diário, deliciosamente escrito, estavam os nomes de todos os bandidos com quem ela tinha tido sexo, não eram muitos convenhamos, eram os suficientes para uma mulher de trinta anos, repetia esta frase varias vezes enquanto escrevia, para se convencer de que isso não tinha nada de errado. Entre o trabalho, saídas com as amigas, ferias e ginásio, Maria já tinha papado alguns colegas, ex colegas, clientes, bêbados, minorcas, modelos, espanhóis, ingleses, feios, chefes de equipa, policias, pais de família e até um comissario de bordo. Todos eles de estilos e personalidades diferentes ( a Maria tinha um gosto peculiar ), mas todos eles tinham uma semelhança: nenhum conseguia provocar um orgasmo à Maria. Sim, ela gostava de sexo, sim, ela tinha prazer, sim, ela já tinha experimentado varias posições sexuais, sim, ela queria repetir…mas faltava algo, algo que a fizesse sentir completamente satisfeita, um happy ending, uma cereja no topo do bolo, um gemido que não fosse fingido, um final do rugido dos tambores, mas não…não chegava lá e muitas vezes nem passava lá perto, nem com rapidinhas de cinco minutos no banco do condutor do automóvel, nem com longas maratonas a fazer amor debaixo dos lençóis. Um dos infelizes foi o João…

João, 35 anos, Técnico de vendas, p/p, Janeiro de 2013

João foi cliente de Maria ( Maria era agente imobiliária ), procurava casa nos arredores da cidade do Porto, um t1 ou um estúdio já mobilado. Primeiro ouve um contacto telefónico, agendaram visita a três imóveis, com as características exigidas pelo cliente. Quando se encontraram na porta do primeiro apartamento a atracção foi imediata, à segunda visita mal entraram, João encostou Maria à parede, beijou-a, desapertou-lhe os botões da camisa, ela riu-se, virou-se ao contrario, roçou o rabo com força contra o sexo do João, subiu a saia preta, e João penetrou-a agressivamente…oh foda-se, isto é tão bom, sussurrava-lhe ao ouvido…negocio fechado, João comprou o apartamento, Maria mandou-o passear…sem ela. Resultado: quecas – 1, orgasmos – 0.

Henrique, 40 anos, Programador, r/p, Fevereiro 2014

Continua