Mundo ao Contrário – A rocha da Concordia

Costa Concordia era um nome desconhecido para o mundo, até uma rocha ter servido como catapulta para a fama. As árvores morrem de pé, mas com Costa Concordia apredemos que os navios morrem deitados.  Acaba por ser uma imagem poética, parecendo que o navio é um velhinho deitado sossegadamente, a ser carinhosamente aconchegado e coberto pelo mar, enquanto espera a hora da morte.

Infelizmente o naufrágio do Costa Concordia é uma  tragédia, quanto mais não seja porque há vitimas mortais. A bordo seguiam 4230 pessoas, dos quais 11 são portugueses.
A partir deste momento, este argumento pode servir como campanha politica para as próximas eleições portuguesas – “Graças ao nosso plano de austeridade, são cada vez menos os portugueses que têm capacidade financeira para participar neste tipo de tragédias.”

O que por estes dias mais tem chocado o mundo, foi o facto do comandante do navio ter abandonado o barco antes dele ter ido ao fundo (ou ter ficado deitado). Se eu fizesse uma sondagem tenho a certeza que ia verificar que o povo português é o menos chocado com esta situação. Em Portugal já estamos habituados a que o comandante abandone o navio muito antes dele ir ao fundo. Seja para se tornarem presidentes da União Europeia, seja para estudar filosofia em França, ou simplesmente emigrar de malas e bagagens para a Holanda.
Temos ainda o caso de quem abandona o comando de uma Vespa, para se por ao comando de um Audi. Mas já se sabe, são tempos de sacrifícios e a austeridade afecta sempre os mais ricos.

Interessante também é o facto que a palavra governo seja de origem grega. Sim! Do país Grécia, normalmente mais conhecido pelo seu desgoverno, e significa “aquele que pilota o navio”. Isto pode explicar os desaires dos governos, afinal eles podem estar apenas na profissão errada. No entanto se um submarino for considerado um navio, se calhar ainda podemos ter esperança num governo de Paulo Portas.

No livro “Papillon”, ficamos a saber que na prisão chamavam “governo” a um cilindro onde os presos colocavam o dinheiro, posteriormente esse cilindro era inserido no ânus para ficar a salvo dos guardas.
Não deixa de fazer sentido, e da forma como as coisas andam, qualquer dia andamos todos com o “governo” no cu… aí sim poderemos afirmar com verdade absosoluta que temos um “governo” de merda.

Crónica de Bessa Soares
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