Mundo ao contrário – Uma história dos nossos dias.

Estamos na época do natal, período de paz, amor, partilha entre outras coisas bonitas e sensíveis. Extraordinariamente (tal e qual o imposto) estamos também em tempo de crise. Ao longo do tempo, o mundo inteiro já viveu vários períodos de crise. Como tal hoje, trago-vos uma história, que bem podia passar-se nos dias de hoje.

Era uma vez um homem, vamos chamar-lhe um nome ao calhas, José por exemplo. José era carpinteiro, mas com a crise no sector vivia nesta altura já do rendimento mínimo. José tinha casado com uma rapariga da terra, vamos chamar-lhe Maria. No entanto como a Euribor não parava de subir José e Maria ainda não viviam juntos, Maria não tinha sido pois desposada. Para quem não sabe o que quero dizer com desposada era virgem.
Certo dia, vinda do monte, Maria encontra-se com José e diz-lhe que embora virgem, está grávida do Senhor. José deixou de imediato Maria, mas como era um homem às direitas, fê-lo discretamente, não andou a espalhar fotos dela na net.

José de coração partido acabou por ir ter com os amigos a uma taberna, talvez fosse do vinho ou outro alucinogéno, nessa noite, José sonhou com um anjo que lhe disse: “Maria está grávida do filho de Deus, vais assumi-lo como teu, vais chamar-lhe (por exemplo) Jesus.”
José levou aquilo a sério e juntou-se a Maria para assumir o filho do Senhor.
Nove meses volvidos, ainda sem casa, José e Maria vagueavam por uma cidade qualquer, e tiveram que recorrer a uma manjedoura, para Maria dar à luz.
A tradição dizia que naquele dia se comeria bacalhau, mas a única coisa que eles tinham por perto era uma vaca, por isso  o prato principal terá sido “Posta à Mirandesa”.
O resto da noite seria passado com José sentado perto de Jesus com um jarro de água, a sussurrar ao menino: “-Vá lá, transforma isto em vinho.”

Reza a lenda, que a água terá se tornado mesmo em vinho, e em vez de um simples jarro, foi um poço inteiro. Por esta razão, ao comemorar com vinho, toda a gente só ficou consciente passado uma semana, e precisamente nesse dia disseram: “Olha, vamos contar os anos a partir de agora.”

Não foi meu objectivo denegrir as crenças de ninguém.

Crónica de Bessa Soares
Mundo ao contrário