A Música Popular Portuguesa

Olá caro/a leitor! Bem vindo de volta às crónicas musicais do Ideias e Opiniões. Este mês inspirado pela mais recente série da SIC, “Som de Cristal”, abordo um tema pouco comum, a música popular portuguesa, também conhecida como música pimba. E abordo este tema, não só porque estou a adorar a série, que é protagonizada por Bruno Nogueira e, por grandes nomes da música popular portuguesa, mas também porque temos de desmistificar  este género musical.

Vamos lá ser sinceros: quantos de nós não conhece as letras e as músicas de Quim Barreiros, Emanuel, Ruth Marlene, José Malhoa, Ágata, Nel Monteiro, Tony Carreira, Toy, Marco Paulo, entre outros? *Mãos levantadas* Pois claro, sabemos as letras e, até as cantamos, embora às vezes seja mais em tom de gozo. De facto, não são as melhores músicas do mundo, nem o estilo com mais fãs no Mundo, mas é um estilo que existe, presumo eu, em várias partes do globo. Quer dizer, ao menos não troçam tanto connosco como com o tirolês, por exemplo. E não me digam que não existem “Quins Barreiros” aí pelo Mundo fora. De certeza que na China, no meio de tantos, deve haver um artista parecido com o nosso grande Quim Barreiros.

Bom, a verdade é que nós, portugueses, tratamos a música popular portuguesa com muito desprezo e vemo-los mais como guilty pleasures, dado que a nossa sociedade não vê com muito bons olhos andarmos para ai a cantar as músicas explícitas destes artistas. No entanto, estes artistas são aqueles que passam por cada cantinho onde haja um português, são eles que levam a portugalidade aos nossos emigrantes.

Quim Barreiros
                    Quim Barreiros

Mas sejamos sinceros, quantos de nós não gostamos e não cantamos as músicas nos arraiais, e até as dançamos? Pois é, as letras podem não ser as mais elegantes, nem as mais elaboradas, mas cantamo-las com algum prazer e até nos rimos destas situações. Afinal de contas, começar a cantar aquelas bonitas músicas do Quim Barreiros que envolvem garagens, ou um certo e determinado peixe, dá sempre para alegrar o ambiente.

Hoje em dia, vemos muito este estilo musical nos programas de domingo à tarde nos canais generalistas portugueses, com artistas novos que no fundo querem chegar ao patamar dos nomes que referi anteriormente. No fundo, estes programas como o “Portugal em Festa” ou o “Verão Total”, ou ainda o “Somos Portugal”, são programas a promover a cultura portuguesa e nesse sentido, não há nada mais português, que a nossa música popular. Mas atenção, não gosto deste tipo de programas, não assisto e, para saber o nome de todos, tive de ir à procura, pois só me lembrava de um.

Infelizmente, alguns artistas deixam de lado os ritmos característicos da música popular para se virarem mais para outros ritmos, como a Kizomba ou o Kuduro. Percebo o porquê de o fazerem. Afinal ao utilizarem este tipo de ritmos chegam a outro tipo de público que não chegavam com os outros. Contudo, sinceramente, sou contra. Acho que não faz sentido, dado o estilo que sempre tocaram, mas é apenas a minha opinião, os artistas são livres de fazerem o que acham melhor. Mas acredito que o/a caro/a leitor/a concorda comigo, quando digo que os maiores êxitos destes artistas são aqueles que são feitos com os ritmos característicos da música popular portuguesa.

O “Som de Cristal” tem ajudado bastante a ter uma perspectiva diferente dos músicos e das próprias músicas. Só pelo facto de conhecermos os passos que estes artistas percorrem em toda a sua vida, quer pessoal, como profissional, ficamos a entender melhor certas músicas e certas atitudes que desconhecíamos completamente. Quais? Por exemplo, o Quim Barreiros ter uma farmácia ambulante na bagageira. Se isto não é algo desconhecido e, no mínimo, hilariante, então não sei o que seja.

nos pimba

Esta crónica pretende, exclusivamente, que a música popular portuguesa, mais conhecida como música pimba, seja apenas levada com maior à vontade, afinal de contas, se traduzirmos as letras de algumas músicas de grandes artistas estrangeiros, não serão de certeza melhores que a “Na Minha Cama com Ela”, “Comunhão de Bens”, “Garagem da Vizinha”, Som de Cristal, “Sozinha”, “Oh Joana”, “Dois Amores”, “Taras e Manias” (um grande guitly pleasure meu, assumo), entre tantas outras.

E já que estamos numa de mencionar músicas porque não cantá-las? Vá lá caro/a leitor/a, deixe-se de coisas e cante a plenos pulmões uma “Cabritinha” ou um “Azar na Praia”, ou até um “Perfume de Mulher”. Mesmo que as pessoas que estejam ao seu lado não apreciem a canção, ao menos dá para dar umas risadas, afinal de contas para que é que serve um guitly pleasure se não podemos aprecia-lo em condições?

 

deixem o pimba em paz

 

Termino apenas dizendo que, uma prova de que este tipo de música merece ser respeitado e apreciado é o espetáculo que Bruno Nogueira, Manuela Azevedo, Filipe Melo, Nélson Cascais e Nuno Rafael protagonizaram. O Deixem o Pimba em Paz é das melhores coisas que se fizeram na Cultura portuguesa nos últimos anos! Usar músicas “pimba” e dar-lhes um outro arranjo, mostra a qualidade destas músicas, não concorda?

PS: Não, não me enganei no link em “Deixem o Pimba em Paz”, o título do espetáculo que Bruno Nogueira e Manuela Azevedo protagonizam é derivado de uma música de Graciano Saga.

Sugestão do Mês

Este mês proponho-lhe algo diferente e que não está em nada relacionado com o tema da crónica. A música que sugiro é dum artista português chamado Jimmy P e esta é a sua mais recente música. Se não conhece aconselho vivamente a que vá ouvir algumas músicas dele, porque qualidade não lhe falta, isso é certo!

Até para o mês que vem! E já sabe, até lá, cante e dance, ao som das suas músicas preferidas.