Quem não tem saco, leva no pacote!

Ora viva!
Antes de mais, quero pedir-lhe desculpa por não ter escrito nenhuma crónica a semana passada. Quero que saiba que não foi por preguiça, foi pura e simplesmente porque não consegui… A nova medida de fiscalidade verde causou-me uma dor tão grande, mas tão grande, que andei 3 dias a tirar tangerinas do… saco! Não percebeu?! Então eu faço  favor de  explicar…

Na passada 2ª feira dei de caras com a nova lei da fiscalidade verde. Uma lei que permite às grandes superfícies comerciais “enrabarem” os seus clientes à bruta… Sim, leu bem, “enrabarem”! E sem sequer terem a decência de lhes dizerem um “olá” primeiro.
Um tipo chega à caixa do hipermercado e leva logo com um: “Tem saco? Não?! Então leva no pacote!” (Ok, não é bem isso que eles dizem, mas é mais ou menos isso que acontece.) E, para que perceba melhor o que acabei de lhe dizer, irei partilhar consigo um episódio que me aconteceu na passada 2ª feira…

2ª feira é por si só um dia difícil. Mas mesmo assim eu decidi ir às compras. Dirigi-me a uma conhecida superfície comercial (que, por motivos legais, não irei dizer que foi o Continente) fiz as minhas compras e segui em direcção à caixa. Começo a despejar os milhentos produtos, que tinha dentro do cesto, em cima da passadeira rolante, e eis que a antipática funcionária me pergunta: “O senhor quer saco?! Quantos?” e eu, ingenuamente, respondo que sim… “Que queria tantos quantos fossem necessários…”

PIP! PIP! PIP! E lá começo eu a ensacar…
PIP! PIP! PIP! Ensaca, ensaca, ensaca…
PIP! PIP! PIP! E ainda mais ensaca, ensaca, ensaca…
PIP! PIP! PIP! E pronto! Estava tudo ensacado. 63 artigos, 9 sacos… Ora toca lá a pagar.

Quando terminou o PIP! PIP! PIP! A “simpática” da caixa soma as despesas todas e diz-me:

“São €85,23 mais €0.90 dos sacos!”

-“Desculpe, €0.90 de sacos?! Então mas… O que é que se passa aqui?! Estamos no Continente, não estamos? Isto não é o Pingo Doce, pois não?  O tio Belmiro agora também já cobra os sacos?” perguntei eu.

A resposta, à minha pergunta, surpreendeu-me tanto ou mais do que se me tivessem dito que era obrigatório pagar as contribuições da Segurança Social… Então mas agora é obrigatório o pagar os sacos em todo o lado?! Então e a mim, quem é que me vai pagar por andar a fazer publicidade, nos sacos, pela rua a fora? E já agora o dinheiro dos sacos vai para quem? É porque se estou a ajudar a salvar o Planeta, tudo bem. Eu não me importo nada de pagar €0.10, por um saco plástico, se souber que estou  a evitar que um pinguim morra sufocado, ou seja comido por uma foca. Ou ainda se me disserem que estou a contribuir para a reflorestação da Amazónia. Agora, se ando a pagar sacos para os grandes magnatas da paparoca enriquecerem às minhas custas, passo-me já da marmita!

Conclusão: irritei-me e disse à senhora caixa: “Menina, fique lá com os sacos! Anule mas é essa porcaria toda que eu levo as minhas compras nas mãos!” (E se assim o disse, mais devagar o fiz, até porque carregar 63 artigos sem ter nenhum sitio onde os colocar é deveras complicado…)
Empilhei as compras todas, fiz uma torre capaz de fazer inveja a Gustave Eiffel e lá fui eu… Pé ante pé, até que aquilo acabou por se “esbardalhar” tudo no chão….

Era tomates para cá, grelos para lá, tangerinas para aqui, maçãs para ali. Havia até uma papaia junto da caixa central. Quem não soubesse o que tinha acontecido diria que tinha havido um tornado na zona dos frescos e espalhado tudo pela zona das caixas…

Foi então que percebi que seria completamente impossível levar todos aqueles artigos até ao meu carro sem que algo ficasse pelo caminho. Apanhei-os um a um, e acabei por colocar o rabinho entre as pernas e lá fui eu, comprar dois sacos para transportar as minhas compras. Mas não foram uns sacos quaisquer. Foram daqueles grandes, de ráfia, reutilizáveis!
Agora digo-lhe, posso até ter pago mais do que os €0.90, mas da próxima vez que me perguntarem se quero comprar um saco, poderei responder que não! Que trouxe o meus próprio sacos de casa e mando-os a eles levarem no pacote!