Porque não terei orgulho de ser mulher?

Ontem foi o dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, um dia que se comemora em vários países, inclusive em Portugal. Eu não sou contra a existência deste dia, até porque, desde 1975 que as Nações Unidas designaram este dia para dar voz às centenas de mulheres que, lutaram por mais igualdade social, melhores condições de trabalho, aumentos salariais e mais protecção a nível das leis. O que eu discordo completamente é este circo de consumismo e do “parecer bem” à volta deste dia – oferecem flores, apesar de nos restantes 364 dias tornarem a vida da mulher num inferno, levam a esposa para jantar fora, mas nunca cozinharam em casa, nem estrelar um ovo sabem, fazem manifestações sobre a igualdade de géneros, mas se souberem que o vizinho do terceiro andar é violento com a mulher, não fazem nada, fazem jantares em grupo com direito a striptease masculino e, de sobremesa, um bolo em forma de pénis, uma  parolice sem fim, jantar com amigas pode se fazer em qualquer altura e, dispenso o bolo em forma de pénis…fazem dedicatória às amigas e colegas, mas estão mortas para que as amigas partam uma perna ou que os maridos lhes metam um par de cornos, enfim, acções que diminuem o mérito que este dia e sobretudo que a luta destas mulheres merece. Por esse motivo, resolvi fazer uma pequena homenagem a algumas mulheres que fizeram e fazem parte da historia mundial e que, através das suas lutas de uma vida, transformaram as  nossas também.

  • Joana D`Arc – a camponesa que conseguiu reunir e comandar um exercito de cinco mil franceses, na guerra dos Cem anos. Combateu contra os ingleses e venceu. Mas não venceu o preconceito, foi acusada de bruxaria e foi queimada numa fogueira em praça pública. Tinha 19 anos.
  • Kathrine Switzer – a primeira mulher a correr na Maratona de Boston, em 1967, numa época em que só os homens podiam participar. A foto ícone em que os organizadores da maratona a tentam impedir de correr é de uma força magistral.
  • Annie Lumpkins – a mulher activista mais jovem dos Estados Unidos, pelo direito ao voto feminino, e ainda activista pelos direitos dos negros. Aos 18 anos, desafiou as leis e entrou num autocarro, foi presa mas logo libertada. Quando não tiverem vontade de sair do sofá para irem votar, lembrem-se desta mulher.
  • Jeanne Manford – esta mãe corajosa, saiu à rua com o filho, com um cartaz em punho, numa marcha realizada por homossexuais, em defesa dos seus direitos, após, no ano anterior, ter visto na televisão, o seu filho a ser agredido e a policia não ter intervido. Fundou a primeira associação mundial de pais de filhos homossexuais, a PFLAG. Estávamos em 1972.
  • Benazir Bhutto –  foi a primeira mulher a ocupar um cargo de chefe de governo no Estado Muçulmano, foi primeira-ministra duas vezes no seu país. Foi assassinada em plena campanha eleitoral, após regressar do exílio de oito anos, a 27 de Dezembro de 2017, por um atentado suicida.
  • Anne Frank – foi uma adolescente judia que escreveu um diário, durante os anos em que ela e a sua família se mantinham escondidos num anexo secreto numa habitação comercial. Após serem descobertos, todos foram levados para o campo de concentração, só o pai sobreviveu, o diário de Anne Frank foi descoberto e publicado posteriormente pelo pai. Anne Frank morreu no Holocausto com 15 anos.
  • Oprah Winfrey – uma das apresentadoras mais aclamadas de sempre e uma das pessoas mais influentes do mundo. A mãe da Oprah teve-a ainda adolescente e deixou-a aos cuidados da avó, uma mulher de fé. Aos seis anos foi viver com a mãe, num período entre os 9 e os 13 anos sofreu abusos sexuais por parte de um tio e primos. Fugiu de casa, estava gravida, o bebe faleceu com duas semanas de vida. Não voltou a ser mãe. Com uma fortuna avaliada em quase três mil milhões de dólares e com 48 prémios, Oprah é a prova de que, apesar de todas as dificuldades e obstáculos, as mulheres conseguem lutar pelos seus sonhos.

Podia nomear dezenas de mulheres com historias incríveis, a escolha não seria difícil, visto que, todas elas são uma inspiração para mim. Inclusive tu…sim tu…mulher comum, de muitas facetas e muitos sonhos, limpa as lágrimas, amanhã é um novo dia!

“A inferioridade das mulheres não é um fato natural, é uma invenção humana, uma ficção social.”
( Maria Deraisme – O Direito das Mulheres, 1869 )