O Natal da minha caixa!

É Natal…

Consigo senti-lo por toda a parte.

Eu nunca tive um Natal, desses que vejo na tv, com a família toda à volta da mesa, no quentinho, ai como eu queria um natal assim!

O meu nome é Paulo, tenho 13 anos e tenho esperança que da minha casa hoje consiga ver o Pai Natal, bem na verdade não é mesmo uma casa, é apenas uma caixa de cartão!

Sim, eu moro na rua.

Há tanto tempo que me esqueci de onde vim, nem sei sequer porque estou aqui.

O senhor Firmino da mercearia diz que sou um gato vadio a quem ninguém “Bota” a mão, eu gosto do senhor Firmino, que tantas vezes me mata a fome!

Este natal é diferente de todos os outros, este ano não tenho de fugir a ninguém, porque ninguém me procura, é verdade.

O meu natal…

Não eu não passo este dia sozinho, tenho o meu canito Farrusco comigo, tenho sempre de arranjar comida para os dois, sabem, as pessoas dão-me sempre comida quente e sumo para beber, mas o Farrusco não gosta muito do sumo.

Ele é o meu maior e melhor amigo, há noite quando faz frio é ele que me aquece na nossa caixa e de vez em quando lá vamos nós até a Ribeira ver o reflexo da lua nas águas do Douro.

É tão linda a minha casa e a minha cidade.

Sei que neste momento devem estar com pena de mim, por ser um menino e viver na rua…

Não tenham, sou feliz, a sério que sim e como diz o senhor Firmino um dia ainda vou ser alguém.

Se hoje vir o Pai Natal não lhe vou pedir nada, vou só cumprimenta-lo e perguntar-lhe se ele precisa de ajuda.

E a vocês vou-lhes pedir, que olhem à vossa volta, junto de vocês estão as pessoas que vocês mais amam, abracem-nas, com carinho, com amor, porque isso sim é Natal.

Eu e o Farrusco mandamos-vos um abraço e um beijinho.

Fiquem bem e cuidem uns dos outros!

Ah, e não se esqueçam que eu não existo, mas e certeza que andam por aí muitos Paulos que precisam de um abraço, de uma família…

De um Natal!