Nosferatu… volta que estás perdoado

     Adoro teorias da conspiração… principalmente as minhas! Nos últimos anos temos vindo a ser inundados por filmes e séries de vampiros, lobisomens, zombies… papo-as todas, adoro!

     Mas esta moda acaba por me fazer pensar que, daqui a alguns anos, no meio do noticiário das 8, antes da secção desportiva, vamos ouvir “parece que afinal os vampiros existem mesmo e estão entre nós e a ganhar poder. No entanto, cientistas confirmam que, para já, os vampiros só atacam de noite pelo que bastará usar uma estaca ou alho em caso de ataque. Esta semana, as principais cadeias de supermercados lançaram um pack de promoção “Estacalho” para que se veja livre desses safados” ou então “ foi descoberto um acampamento de zombies no meio do mato. As autoridades estão a disponibilizar cursos gratuitos para aprender a arremessar facas de cozinha diretamente à cabeça. Em alternativa, para quem está impossibilitado de manusear armas brancas, os serviços secretos prepararam um curso online para aprender a esmagar cabeças. Na compra do curso intensivo, os serviços secretos oferecem 10 melancias para as aulas práticas”.

     Zombies… Que fique já registado que eu sou fã do Walking Dead, acompanho entusiasticamente a vida dos meus companheiros sobreviventes e vivo cada momento daquele drama, odeio quando acaba uma temporada! Mas de facto, com eles veio uma quantidade tal de violência gratuita que… bom… ao princípio choca mas depois uma pessoa habitua-se com aquele ruído oco de esmagar um crânio podre e o sangue… é quase maquilhagem da moda. Eles, coitados, têm verdadeiros desafios é com os vivos, esses sim são do piorio, porque com os walkers podem eles bem. Temos também o Z Nation que, em modo de sátira, vai mostrando uma história ligeiramente diferente mas cuja violência é bastante equiparável. Ao final de algumas temporadas, estamos completamente preparados para lidar com situações bizarras.

     E vampiros… os vampiros… ainda o filme era mudo e os vampiros eram seres assustadores (considerando as limitações de efeitos especiais da época). Eram assustadores porque eram feios, unhas mal aparadas e não pintadas, orelhas grandes! E agora? Vejamos, por exemplo, o True Blood… com vampiros daqueles… bolas, pá! Até eu quero levar uma trinca no pescoço… Fazem-nos perder noção do perigo por completo… passam de perigosos a apetitosos… quase heróis. Irei abster-me de comentar lobisomens… Ai Alcide… o que eu gostava de fazer parte da tua matilha…vê lá tu que até me chamo Sofia, coincidências da vida!

     Saindo um pouco das minhas teorias da conspiração, a verdade é que os últimos tempos têm sido reflexo de que o mundo está a mudar, de uma forma assustadora. Incomoda-me perceber o que se aproxima, mas também de igual forma me incomoda a onda de ódio e intolerância para com raças, religiões e países, que tem vindo a crescer e à qual se assiste nas redes sociais. Percebo de onde vem, também sinto muita revolta mas acho que é hora de percebermos que tentar catalogar e limitar o inimigo a um simples povo ou religião não é solução. Sim, haverão inimigos entre os refugiados que têm inundado a Europa, mas muitos desses refugiados são simplesmente pessoas que fogem daquilo que nos apavora. Não podemos generalizar, seria o mesmo que dizer que a mulher portuguesa tem buço, só porque algumas senhoras de aldeias remotas não se preocupam com coisas de gaja.

     Acho que é importante conhecer o inimigo. Para mim, os que nos provocam o terror através da propaganda e vídeos de puro terrorismo psicológico, são uma cambada de psicopatas. O seu imenso sadismo e desrespeito pelo ser humano mostra quão claros os objetivos são, custe o que custar. Julgo ser importante saber mais sobre o que nos espera. Ignorando a publicidade, mas sugiro esta leitura. Li com muita atenção e fiquei a entender uma série de coisas que desconhecia e que agora me fazem mais sentido, quiça apresente até algumas soluções.

     Não estou de luto por França, mas sim de luto pelo mundo. Os monstros de hoje, do mundo em que vivemos, são muito mais assustadores do que os de qualquer filme ou série de terror ou ficção. É tempo de assumirmos que a liberdade pela qual se lutou, o direito à expressão, à religião e política, permitiu que estejamos hoje onde estamos. Nunca segui nem seguirei qualquer religião, acredito em algo, mas vivo livre. Acho que a religião leva ao extremismo, à intolerância para com tudo o que não siga algo que está escrito e que é, por si só, suscetível de ser interpretado de inúmeras formas. Não será com amor, com paz ou com orações que a situação mudará. Precisamos mudar leis, precisamos olhar para dentro, precisamos entender, ter conhecimento. Ignorando o Califado em si, estamos a falar de pessoas que nasceram na Europa, segundas e terceiras gerações de cidadãos europeus (e não só), alguns cuja ascendência sempre foi ocidental. O que os diferencia é o facto de terem um credo e objetivos muito particulares.

     Como combater algo assim? Julgo que só desacreditando, só quebrando a ideia de que as profecias se vão cumprindo. Até lá, a lei precisa mudar. Se alguns estão claramente identificados, sinalizados, mudem as regras, façamos como alguns países fazem com pedófilos, identificando as suas caras, os seus nomes e onde residem. Exagerado? Talvez, mas se o fazemos para pedófilos, porque não fazê-lo com radicais, com pessoas perigosas? Talvez assim se reduza esta onda generalista de colocar tudo no mesmo saco, de desconfiar do vizinho do lado só por aquilo que veste, pela cor da sua pele ou pela sua origem.

     Dizem que a vida continua, que não podemos mostrar medo, mas na verdade temo, temo por aquilo que nos possa esperar se não abrirmos os olhos para esta nova realidade. Espero que o mundo compreenda e se adapte para que possamos viver em harmonia, sem extremismos, sem ódio.