Uma nova UE? – Nuno Araújo

Martin Schultz, actual presidente do Parlamento Europeu e membro do grupo parlamentar socialista e social-democrata Europeu, é o candidato escolhido pela sua “família política” a presidente da Comissão Europeia. Schultz é alemão, humanista e admirador confesso de António Lobo Antunes, e tem-se destacado, no âmbito da sua presidência do Parlmento Europeu, pela atenção que tem dado às questões humanitárias (Lampedusa e refugiados da Síria), assim como às temáticas relacionadas com a crise e a austeridade, um pouco por toda a Europa.

As eleições para o Parlamento Europeu decorrerão a 25 de Maio de 2014, mas o centro-esquerda europeu já tem estratégia para vencer as eleições Europeias: capitalizar votos com a “derrocada” causada pelas políticas de austeridade impostas pelos governos de direita, em vários países europeus, incluindo Portugal e Grécia, ou mesmo Espanha.

Outras questões deverão ser tema de assunto, quanto a mim, em pré-campanha de europeias: como renovar o modelo económico e social europeu, notoriamente em queda? Como enfrentar desafios demográficos, como movimentos migratórios e envelhecimento populacional? Será necessária uma nova revolução industrial? E o exército europeu, será ele essencial face aos novos desafios de segurança interna e externa? Cidadania e ecologia, quanto valem? O “soft-power” europeu, deverá prosseguir?

Devo dizer que, sendo eu europeísta convicto, e plenamente consciente da minha cidadania europeia, que haverão diversas questões a colocar numa pré-campanha eleitoral para estas Europeias; porém, decerto que será tranversal a quase todo o espaço europeu a discussão de temas internos, afastando para segundo plano os temas europeus. O mais curioso é que a Alemanha, país liderado por Angela Merkel (a senhora da “Austeridade”), provavelmente verá discussões interessantes sobre o futuro do espaço europeu, enquanto que Portugal e outros países debaixo do “jugo da austeridade” só irão assistir a debates acerca de temas internos. Infelizmente até tenho a impressão de que nem França poderá “libertar-se” de debater questões internas, pois nem ano e meio se volveu sobre as eleições presidenciais francesas, em que o socialista Hollande venceu, e a extrema-direita de Marine Le Pen já lidera as intenções de voto. Preocupante.

 

Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana