Novo Banco, um mau começo!

Vivemos numa sociedade com marcas de provincianismo bem patentes. A cada esquina, em cada recanto encontramos evidências que atestam isso mesmo. Em Portugal o “título” confere ainda status. Vivemos e continuaremos a viver, portanto, num país de doutores, engenheiros e arquitectos.

O canudo significa ainda ser algo mais, sem ninguém entender muito bem porquê já que, no nosso país foram precisamente os “doutores” que o levaram ao charco. Esta mentalidade do “portuguesinho” está implícita no anúncio de rádio do “Novo Banco” que separa claramente o “senhor Artur” da “DOUTORA Sofia”, como se estes dois seres vivessem em mundos completamente separados, como se a “DOUTORA Sofia” não fosse também “senhora Sofia”. Existe uma espécie de redoma mental que faz questão de separar dois seres humanos numa sociedade dita “igual”.

A valorização do título seja ele qual for é proporcional ao atraso do país. Significa em primeiro lugar défice de “titulados” e complexos de superioridade intelectual, na maior parte das vezes, revestem-se de uma (ou várias) massagens a um ego cheio e uma mente semi-vazia.

Deambulemos agora em torno de outro ponto da publicidade do banco absolutamente estonteante. O Novo Banco, sempre na senda da “boa publicidade” escolheu para seu símbolo uma borboleta, animal frágil com uma curta esperança média de vida e, pior que isso, um animal que voa! O slogan podia muito bem ser: “Novo Banco, voamos com o seu dinheiro”. Certamente que os senhores que pensaram esta publicidade eram licenciados, os tais “doutores”. Os doutores que não pensaram em coisas tão básicas como colocarem o ultramontanismo de lado, evitando rótulos em função do título académico, e não se esforçaram por pensar num símbolo um pouco menos ridículo.

Este “banco bom” está a começar mal, pelo menos no que a publicidade diz respeito. Deixem lá o snobismo de lado porque a modernização também passa por aí. Ah, e não passa propriamente por borboletas a voarem com sacos de notas imaginários nos costados!

 

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