O Contra-Efeito Syriza

Com toda a legitimidade democrática, o Syriza venceu as eleições legislativas na Grécia, como toda a gente sabe. O povo grego decidiu dar uma oportunidade à mudança e a um líder que, apesar de ainda jovem, demonstrou um grande carisma, foi capaz de fazer desocupar o “poleiro” dos tradicionais partidos (ora a esquerda socialista, ora o centro direita).

O povo decidiu, está decidido e é soberano!

O povo decidiu romper com a austeridade, romper com os enormes sacrifícios, romper com a troika.

Mas com este voto, o povo decidiu também com as suas obrigações, com “a sua palavra”, com a “sua honra” de bom pagador, que qualquer homem ou mulher deseja ter a possibilidade de possuir.

Então, porque não declarar de vez a Grécia como um país insolvente? Como aliás acontece com as famílias e com as empresas que chegam a um determinado estado financeiro, que nunca mais vão conseguir gerar receita suficiente para liquidar as suas contas, empréstimos, obrigações e responsabilidades?

É uma tarefa quase impossível a que tem o senhor Syriza e a sua tropa, mas é isso que ele pretende fazer: liquidar de vez aquele país milenar.

Por outro lado, a coligação governativa entre partidos completamente opostos, que apenas têm que os una a oposição à Europa, ao Euro e à Troika… Será que este casamento vai durar? Hummm…… torço o meu nariz…

Por cá, as reações foram diversas.

Os partidos da maioria não querem obviamente colar-se às anunciadas opções que irão ser tomadas na Grécia, uma vez que não desejam que Portugal seja arrastado pela onda como o foi em 2011. Pretendem demarcar-se das futuras opções gregas, porque querem terminar com alguma calma e de forma pacífica o seu mandato já no final deste ano, sem sofrerem com os destroços do maremoto vindo dos confins do mediterrâneo.

Recordo aqui que o Syriza é da mesma família dogmática que o Bloco de Esquerda e ainda da mesma família conceptual do Partido Comunista. Não estou aqui obviamente a tomar parte pela negativa neste particular. Cada família política tem a sua convicção, legítima, pelo que respeitável. Porém, o que estou a querer afirmar é que esta família de esquerda mais radical, assim como a direita mais radical e nacionalista – que em Portugal praticamente não existe – têm opções e estratégias anti-europeias anti-euro e pró “não-pagamos”,sendo que essas, muito provavelmente, não serão as opções mais adequadas para Portugal no momento atual, na opinião da maioria dos especialistas e cérebros da economia.

De salientar porém que o PS português, não se solidarizou com os seus homólogos do PASOK (partido socialista grego), que nestas eleições quase desaparece, obtendo uma percentagem próxima dos 5% (idêntica à dos comunistas gregos, mas mesmo assim ainda inferior a estes), tendo sido relegado para um modesto 6.º lugar nas urnas. Recordo que, no Parlamento Europeu, o PS de Portugal, se senta ao lado das cadeiras do PASOK e não ao lado do Syriza. O PS português – pela boca do seu responsável maior e seu comparsas – congratulou-se com a vitória do Syriza, numa tentativa hipócrita de se colar a um partido com o qual nada tem a ver, concecionalmente. Recordo também que, na Grécia, o PASOK foi o principal responsável pelas sucessivas mentiras das contas gregas durante anos a fio e que levaram o país ao que chegou até hoje. Recordo que foi também o PS português que mais tempo governou o país desde 1995 até 2011 (16 anos), período durante o qual o país foi à ruína.

Apesar de afirmar que respeita e assume a história do partido, o Sr. Costa parece por um lado assumir o orgulho de tudo o que fez, juntamente com os seus companheiros, mas por outro parece que não é nada com ele, bate a bola para a frente e esquece-se que a baliza está “escancarada”. O que lhe pode vir a acontecer é que algum jogador adversário possa ter a ousadia e engenho de devolver o pontapé e acertar na baliza aberta, ganhando por isso o desafio.

Já lá vai o tempo em que os portugueses eram estúpidos e acreditavam em qualquer conversa bem feita (com ou sem bochecha). Os portugueses cultivaram-se muito e bem nestes últimos 40 anos, principalmente e por isso já sabem avaliar quando aparecem os fala-baratos, com carinha de inocentes e aqueles que tentam fazer tudo para levar este país a um rumo com futuro, se é que ainda o há por cá!

Já percebestes porque é que o PS não subiu nas sondagens após a mudança na liderança?

Volta Tó-Zé, estás perdoado!